'O coronavírus é um bom inimigo para uma HQ', diz Ziraldo

Autor de 'O Menino Maluquinho', ele deixa um recado para as crianças confinadas ('comportem-se!') e diz que elas estão presenciando um fato histórico

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Por Maria Fernanda Rodrigues
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Para Ziraldo, de 87 anos, o coronavírus é algo tão misterioso que poderia render uma boa história para a Turma do Pererê. Ele falou com o Estado por e-mail e deixou um recado para os maluquinhos confinados, que estão fazendo arte e dando sustos nos pais

Ziraldo quer escrever uma aventura para a Turma do Pererê envolvendo o coronavírus Foto: Marcos de Paula/Estadão

Milhares de meninos maluquinhos estão presos em casa e cheios de ideias de traquinagens. O que diria para essas crianças?

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Façam uma surpresa para seus pais: comportem-se (risos). Quero só ver!

Sem espaço para brincar livremente, a imaginação corre solta. Qual é a importância da imaginação e da fantasia para a infância?

As crianças têm uma imaginação muito grande e fértil. Elas inventam coisas incríveis com uma rapidez fantástica para encher a cabecinha delas – principalmente os meninos de 8 anos, idade do Menino Maluquinho. Crianças são as veias do mundo.

Como as histórias podem ajudar os pequenos neste momento?

O coronavírus é uma coisa tão misteriosa que dá para gente inventar muitas histórias sobre ele. Eu sei que é pretensioso, mas estou com uma vontade muito grande de fazer uma aventura da Turma do Pererê em torno do coronavírus. Ainda não sei como seria, mas vou dar uma missão para a turma: liquidar o coronavírus. Isso é bastante apetitoso para a criança porque ela fica pensando: se tivesse na minha mão, como é que eu iria acabar com ele? Ela acha que pode vencer o coronavírus e vence, né? Eu acho que é um inimigo bom para uma história em quadrinhos. Mas não sei se vou conseguir fazer essa história, às vezes não sai. 

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Como imagina que as crianças vão sair desta pandemia?

Essas crianças vão crescer e vão virar, como eu, avós. E então elas vão contar para os netos: meninos, eu estive lá! Vão contar a verdade ou vão inventar porque avô tem essa vantagem: ele conta a história como ele quer (risos). Eu já vou estar velho, muito velho, mas as crianças de hoje, quando estiverem com 87 anos, vão se lembrar dessa pandemia que passa pela vida apenas uma vez. É quase um privilégio você ter vivido essa aventura. Não sei como ela vai terminar, mas vai ser emocionante você se lembrar que estava presente. Como eu ouvia meu avô contar sobre a época da Gripe Espanhola. 

Imaginou que viveríamos algo assim?

Sim, imaginei que algo marcante iria acontecer ao longo desse tempo, porque sempre acontece muita coisa que a história registra. Esse é tipicamente um caso que a história vai lembrar para sempre. Sempre vai se falar da pandemia do coronavírus. Então, você que está vivendo presta atenção: você é testemunha de um fato histórico. 

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