Versão se concentra em 1958

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Por Alline Dauroiz
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Engana-se quem acha que a nova Ciranda de Pedra é mais uma ode aos anos 80. Aliás, o autor Alcides Nogueira insiste que esta versão nada tem a ver com aquela exibida em 1981 - que, só para avivar a memória dos saudosos, trazia no triângulo amoroso Eva Wilma (Laura), Adriano Reys (Natércio) e Armando Bogus (Daniel). "Não assisti à versão de Teixeira Filho, em 81, pois morava no exterior. Pelo que li, ele priorizou o aspecto social, mas eu vou para o psicológico", teoriza Nogueira. No livro de Lygia Fagundes Telles e na antiga novela, a história se passa em 1947, mas a nova versão dará um salto de uma década. "Todo mundo fala dos 'Anos Dourados', só que eles foram um só: 1958. Por isso a trama toda se passa nesse ano." Assim, os telespectadores acompanharão, por meio da novela, fatos como a construção de Brasília, a primeira vitória em Copa do Mundo, a Bossa Nova, o Cinema Novo e os teatros de Arena e Oficina. Outra mudança foi a criação do núcleo classe média da Vila Mariana, como um contraponto do chique Jardim Europa. É lá que a comédia vai rolar, com o peruqueiro Seu Memé (José Rubens Chachá) e sua filha "coquete", Elzinha (Leandra Leal). "Há bastante humor, para contrabalançar as situações de tensão, rir é fundamental", diz o autor. O neurologista Daniel, de Marcello Antony, também estará diferente, mais politicamente correto. No roteiro da novela, seu papel está descrito como "médico humanista", pois ele atenderá comunidades carentes. A Laura de Eva Wilma, em 1981, morria em decorrência de um tumor. "Agora, Laura morre de causa emocional, de tristeza. Sabe flor que fenece?" Diante de tantas modificações, restam enfim algumas semelhanças. Criado por Teixeira Filho, o jovem engenheiro Eduardo (Bruno Gagliasso), que em 81 era vivido por Marcelo Picchi, volta à trama. E a atriz Mônica Torres voltará a Ciranda, agora como Julieta, a melhor amiga de Laura (em 81, ela interpretou a tenista Letícia). "Fora isso, os personagens do livro de Lygia estão todos lá, mas reagindo de uma maneira mais contundente, com as pequenas tragédias humanas, tão bem enfocadas por Lygia, costuradas pelas as relações familiares."

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