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Um sorrisão debaixo do véu

Por Patricia Villalba
Atualização:

Ísis Valverde teve seu primeiro momento de diva aos 7 anos, quando interpretou a personagem Mariquinha numa produção comandada pela mãe, Rosalba, na pequena cidade mineira de Aiuruoca, onde nasceu e viveu até os 15 anos. "Era baseada naquela música Abre A Porta, Mariquinha, sabe? O outro menino saiu de cena, mas eu não saí. E toca minha mãe tentar me tirar do palco, à força", diverte-se ela. Antes disso, aos 5 anos, ela já havia causado frisson como uma enigmática pantera cor-de-rosa, em outra montagem do Grupo de Teatro Juru, comandado por sua mãe. "Era uma peça que falava sobre a situação política da época. Eu entrava no fim, vestida de pantera cor-de-rosa, sentava num canto do palco, e comia uma banana", lembra. "Era para representar o povo, mas cada um entendeu do jeito que quis." É evidente que o tempo passado no teatro de sua cidade natal, hoje com pouco mais de 7 mil habitantes, teve influência na escolha da carreira de atriz. "Já ouvi gente dizendo que cheiro de esmalte lembra a infância. Pra mim, é cheiro de teatro que lembra a infância", diz ela. Depois de ter visto todo o acervo de filmes da locadora de Aiuruoca, com 15 anos, Ísis deixou a casa dos pais para estudar em Belo Horizonte. Um dia, linda demais, foi descoberta por um "olheiro" de uma agência, e se tornou modelo. "Fiz um monte de comerciais. Mas o mercado lá de BH ficou pequeno, e eu resolvi me mudar para o Rio", conta. Contratada por uma grande agência, fez mais publicidade, estudou três meses na escola de teatro Tablado. Dali para o papel que a lançou na Globo foi um pulo. Ísis chamou a atenção como a Ana do Véu, mocinha que, por causa de uma promessa da mãe, passou boa parte da novela Sinhá Moça com o rosto coberto. Ela ficou famosa quando a audiência, esperando um jaburu, foi surpreendida pelo sorrisão da atriz. "Fui chamada para vários testes, um deles para Sinhá Moça. Fiz cinco testes consecutivos para a novela, venci 50 candidatas ao papel de Ana do Véu. Depois disso, foi só alegria..." Rakellismos Filha da ex-chacrete Ivete Chiclete (Zezé Polessa), que teve alguns minutos de fama no programa do Chacrinha, a Rakélli de Beleza Pura ganhou o público com um jeito doce e bastante equivocado de ser. Muito favorecida pela beleza da atriz Ísis Valverde, a personagem encantou ao apostar na ingenuidade da menina suburbana que quer trabalhar na televisão (no caso, como "coleguinha" de Luciano Huck), mas que não pretende conquistar o posto a qualquer preço, longe da vulgaridade com que as quero-ser-famosa costumam ser construídas. Rakélli quer subir na vida, mas namora o pedreiro Robson, mesmo ele sendo pobretão (tudo bem que o pobretão é interpretado por Marcelo Farias). Fora o insuperável "choro sirene", ela deixa algumas pérolas para a posteridade: "E se o som se perder pelo ar?", questionando a eficácia de um microfone sem fio. "Que pele lisinha... Você usa creme de curucutu?", querendo dizer "cupuaçu". "Lá no salão 'tava' um ar usado, então eu vim aqui fora pegar um novo ar", tentando despistar a mãe. "O Robson disse que vai ter música sarna", planejando seu casamento e querendo dizer "sacra". "Para você estudar tem de ter um texto. Como eu vou estudar essa coisa de figura?", justificando sua incapacidade de memorizar as placas de trânsito. "Deve ser fome. Eu tenho um quindim lá em casa que a minha mãe fez", propôs ela ao instrutor de direção, quando ele diz que não tem "mais estômago para as aulas".

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