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Tony Soprano é o cara; Filme alemão arrasa

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A série The Sopranos, reapresentada na Warner à 1h da madrugada nas noites de domingo para segunda-feira é um marco, uma referência. Na semana passada em um episódio alongado, o capo Tony (personagem interpretado por James Gandolfini) faz o que todo mundo quis fazer, uma vez ou mais de uma. Na história, o tio Corrado ?Junior? Soprano acaba de ser submetido a uma cirurgia para retirar do estômago um pequeno tumor. É câncer. O médico é um daqueles doutores competentes e boçais, imbecis e distantes. Trata os pacientes como meras fichas do consultório. Dá poucas explicações ao tio Junior, aos 72 anos ainda o chefão da Máfia italiana de Connecticut. Tony deixa mensagens no consultório e no telefone do cirurgião . Não recebe resposta. E aí libera os humores, digamos assim, transgressores. Com seu segurança siciliano, vai ao campo de golfe frequentado pelo médico. Localiza o sujeito e dá-lhe uma bela prensa. Joga o celular dele na água de um lago, onde já está o boné de grife, atirado à distância pelo capanga ("ei, doc, olha só essa abelha no seu chapeuzinho!") e depois de obrigá-lo a enfiar na lama os pés calçados de finos mocassins, intima: "telefone para o Junior; ele merece seu respeito porque é um homem doente e porque está pagando uma fortuna pela sua atenção". Claro, na sequência o bom doutor aparece, gentil e atencioso, acompanhando a sessão de quimioterapia de Corrado (papel de Vic Chianeli). Sopranos, vale ficar acordado - ou gravar - para não perder nenhum dos 86 filmetes. Durante a semana, sem aviso prévio e sem notificação na programação da revista Monet, um daqueles canais lá do alto apresentou uma pequena obra prima, o longa Quatro Minutos (Vier Minuten) do diretor Chris Kraus. Trabalho da cultura remanescente da extinta Alemanha Oriental, estreou em 2006. É a história de uma jovem solista de piano, notável e cheia de problemas, dos quais o menor é a sua condição de detenta - cumpre pena por duas tentativas de homicídio. Toca divinamente, sob orientação da avó, lésbica, e com apoio do pai, empresário que a estuprou quando criança. Sem misericórdia nem concessões, o filme é sinistro, os cenários, sujos, sombrios. Mas é pegador, vale o preço cobrado pela operadora. Imperdível, quando nada pela releitura do Concerto em Lá Menor, de Schummann, no final.

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