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Tempo de internet ou de MTV?

Na vanguarda do YouTube, não é de hoje que a MTV Brasil cria programetes curtinhos

Por Gustavo Miller
Atualização:

Uma gíria que anda em voga entre os profissionais de TV é "tempo de internet". Tal nome é aplicado quando alguém, por exemplo, pega um programa televisivo de 15 minutos e o joga na web em três partes de cinco. Ora, por que não colocar tudo na íntegra, de uma vez só? Resposta: o internauta não tem tempo (ou paciência) de assistir algo de 15 minutos de uma vez só. Ele vê um pouco agora, mais tarde o outro bloco... O mesmo conceito se aplica quando alguém cria um programa ou série para a rede. Os episódios não fogem dos dois, três minutos de duração. "Tempo de internet". No departamento de promos (comerciais, vinhetas e programetes) da MTV, essa palavra não entra. "A gente já faz isso há muito tempo", "reclama" Edson Fukuda, redator e supervisor dos promos da music television. "Sempre tivemos de produzir algo criativo, barato e de curta duração. Essa sacada global de hoje a MTV teve há muito tempo", concorda Rodrigo Pimenta, gerente de promos e gráficos da emissora. Desde o seu nascimento a MTV americana aproveitou do seu tempo comercial com poucos anunciantes para exibir conteúdos próprios de tiro curto. Quem não lembra das animações gringas Garoto Enxaqueca e Vaca Láctica? A filial brasileira também, mas puxando muito para o lado de campanhas educativas e políticas - que continuam firme e forte com o Pública. Mas este ano, o canal brasileiro veio com o projeto 30 Bandas. Quem assiste ao canal ou apenas deu uma zapeada por ali já deve tê-lo visto. No intervalo comercial, um vídeo de menos de um minuto traz um músico dando o ar de sua graça em situações incomuns. Tais esquetes são criadas assim: a MTV convida o artista, que terá de usar sua criatividade para inventar algo diante das câmeras. A cantora Pitty mostrou sua verve de atriz e fez alguns curtas; o grupo Cansei de Ser Sexy pôs o avental e fez uma receita de coxinha. "É um jeito criativo de apresentar novas bandas em tempos de crise musical. Antes o artista vinha aqui e deixava o clipe para exibirmos. Ninguém mais faz isso", diz Pimenta. O mínimo de promos por músico é de seis. Não há um limite máximo. Wander Wildner, por exemplo, fez 20! Os vídeos de cada músico ficam cerca de 10 dias no ar - já foram 19 artistas até agora. Mas não adianta: tal formato tem a cara da internet - ainda mais porque cada filmete indica o site do músico. A intenção é clara. "O jovem de hoje deixa a MTV ligada enquanto usa o computador", explica Mauro Dahmer, editor sênior da MTV. Não por acaso, esses videozinhos fazem sucesso na rede. Para Dahmer, o "tempo de internet" (ou de MTV), veio para ficar na televisão. "Com o YouTube, os promos deixam de ser intervalo e viram conteúdo. Um vídeo de um minuto com o Calypso tem mais repercussão que um especial de uma hora com a banda", acredita.

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