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Técnica importada, o showrunner alia-se à arte na TV

Nova série da Disney introduz no Brasil o profissional, que assume função de roteirista e produtor, simultaneamente

Por João Fernando
Atualização:

Criadores norte-americanos de séries que vêm ao Brasil para treinar e dar dicas aos profissionais de televisão costumam reclamar da ausência do showrunner, figura que tem funções de roteirista e produtor de uma atração. Os responsáveis pela estrutura de um programa de ficção, porém, começam a surgir. Um dos pioneiros é André Rodrigues, cabeça de Que Talento!, nova produção do Disney Channel, prevista para ir ao ar em maio, mas ainda sem data.A trama gira em torno de uma agência de talentos amadora criada por um grupo de adolescentes, que funciona na garagem da casa Champ (Gabriel Calamari). Lá, eles se reúnem para desenvolver seus dons, em meio a números musicais. Por focar no público de 9 a 12 anos, alvo do canal, há histórias ambientadas na escola.A ideia veio após a Disney encomendar um programa de TV para promover a dupla College 11, do selo musical da empresa, formada por Bruno Martini e Mayra Arduini, jovens brasileiros que cantam em inglês."Foram quase seis meses criando uma bíblia (guia de roteiros), seguindo os padrões. Trabalho há dez anos com a Disney, sabia que queriam algo com música, romance e aventura. Escrevi a metade dos episódios e começamos a nos encontrar com os atores. Ficamos todos juntos pensando sobre os personagens, foi um processo coletivo", conta Rodrigues, que esteve à frente de atrações do canal, como o extinto Zapping Zone.Além de escrever os roteiros dos 26 episódios já gravados, ele frequentava o estúdio para verificar o andamento da história e fazer alterações no roteiro de acordo com pedidos dos atores e diretores, além de checar detalhes. "Vejo se os livros que estão expostos (no cenário) combinam com o personagem", revela. Rodrigues acompanha ainda a edição dos episódios, a estratégia de lançamento e ajudou a compor parte das canções apresentadas pelo elenco. Nos EUA, a função é levada tão a sério que Vince Gilligan, showrunner de Breaking Bad, aprovava até a cor do esmalte das atrizes. Apesar de todas as obrigações, Rodrigues não é responsável pela direção, que ficou a cargo de Daniel Caselli e Juliana Vonlanten, que bateu o pé para que houvesse um showrunner. "Ele garante que os diretores estejam na linha certa, fazendo o que planejamos", reforça Flávio Vonlanten, executivo da Cinefilm, empresa que coproduz a série com a Disney.Que Talento! chama a atenção pelo excesso e planejamento. A cada semana de gravação, um dia era dedicado ao ensaio com atores e cinegrafistas. "A tendência é dizerem que estamos queimando uma diária com ensaios. Mas é essencial para que funcione, a gente não perde tempo com os atores e os câmeras já sabem onde ficar. Eles fotografam os pontos das câmeras", explica Juliana Vonlanten. Os cenários fogem do padrão das produções da TV paga no País. Nos três estúdios ocupados pela equipe, na Vila Mariana, foi montada uma escola que os dez protagonistas frequentam na trama. Além de quatro paredes móveis, os ambientes têm teto e o quadro negro, cujas imagens são projetadas digitalmente na edição. Há ainda a casa de um dos personagens, com dimensões de uma residência real, com destaque para a garagem, onde se passa a maior parte da história. "Há lugares secretos onde a equipe dorme", entrega o diretor Daniel Caselli.Para fisgar o público pré-adolescente do canal, os atores gravam vídeos para a internet, no formato de hangout, em que conversam cada um em uma câmera diferente. O papo será exibido na rede no período em que a série já estiver no ar.

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