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Militância de fãs na web leva executivos de TV a resgatar séries e atrai até patrocínios

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Por Gustavo Miller
Atualização:

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A série

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Chuck

, que passa no Brasil pelo Warner Channel, esteve este ano na berlinda durante meses. A rede americana NBC, insatisfeita com a audiência da série, estava decidida a cancelá-la. Mas os fãs não deixaram: em uma campanha de marketing de intensidade nunca vista, conseguiram até um patrocinador para que a atração fosse renovada para uma 3ª temporada. O próprio protagonista de

Chuck

, Zachary Levi, aliou-se aos telespectadores para que o show não saísse do ar

(leia entrevista aqui)

. Foi a primeira vez que um ator agiu assim.

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Quando se diz por aí que hoje são os telespectadores quem mandam na televisão, acredite. Com a internet, influenciamos diretamente a programação da TV. Mas vale lembrar que tal atitude não é novidade. Desde as cartinhas e dos telefonemas que o povo de casa atazana os profissionais da TV para que certo programa retorne ou para que tal personagem não morra. A diferença é que na web a mobilização é potencializada. Com as redes sociais, os fãs criam estratégias de guerrilha para ventilarem seus pedidos em fóruns, blogs, Twitter, Orkut, Facebook e afins.

 

O primeiro passo é criar um site que promova a campanha, com um abaixo-assinado. Depois, lota-se a caixa de e-mail dos executivos da emissora que exibe o programa que está prestes a ser cancelado. Daí vem a parte criativa. Para Roswell não ser cancelada logo no primeiro ano, fãs enviaram para a rede WB frascos de Tabasco, o condimento prediletos dos alienígenas da série. Funcionou! Para Jericho também ganhar uma segunda temporada, o delivery veio em forma de 20 toneladas de amendoins, direcionados aos escritórios da CBS. Mesmo resultado.

 

As atrações que provocam essas mobilizações têm em comum um grande apelo entre os nerds, a menina dos olhos da indústria do entretenimento. São fanáticos, que assistem a um show pela TV e pelo PC, compram seus DVDs e qualquer outro tipo de merchandising. E por serem aficionados por tecnologia, mobilizam-se na rede como ninguém. Exemplo: Dollhouse, da Fox, já tinha campanha virtual para não ser cancelada antes de estrear!

 

Eles pregam que o público assista mais à TV online. A alegação? Ao ver as séries pelos sites das emissoras, os canais terão uma real noção da audiência de um programa. The Office, que foi pouco vista em seu começo, quase foi degolada. Continuou na NBC porque era um hit de vendas no iTunes. "A internet tem uma aferição mais precisa", concorda Gabriel Priolli, Coordenador de Conteúdo e Qualidade da TV Cultura.

 

Em julho, Priolli viu uma campanha do blogueiro Ale Rocha (Poltrona) para que o programa teen Pé na Rua não fosse cancelado. Foram tantos e-mails recebidos que até o ombudsman do canal pediu para a atração continuar. Não rolou.

 

"Infelizmente, as manifestações só acontecem quando o programa sai do ar", diz Priolli. Questionado se uma ação à Chuck funcionaria no País, entusiasmou-se. "Se o público sensibilizasse patrocinadores para que recolocássemos programas antigos, a gente o faria com o maior prazer. É o público trabalhando com a TV pública."

 

Essa relação é boa para todos os lados. Na semana passada, estreou no SBT uma faixa nobre de séries, cujo horário saiu de uma pesquisa lançada pelo Twitter da diretora artística, Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos. Não dá para saber se o SBT é de fato "a TV mais feliz do Brasil". Mas já é uma das mais interativas.

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