Série ‘The Brink’ satiriza a cúpula do governo dos EUA

Seriado da HBO não perdoa espaços reservados, como a embaixada no Paquistão e um portentoso porta-aviões

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Por Pedro Venceslau
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A sala de situação (ou de crise) da Casa Branca é um dos locais mais cultuados nas séries norte-americanas de ação e política. Foi lá, por exemplo, que presidentes como Josiah Bartlet (Martin Sheen) e Frank Underwood (Kevin Spacey) viveram momentos tensos e épicos em The West Wing e House of Cards, respectivamente. 

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O espaço reservadíssimo de reuniões táticas, onde a cúpula do País monitora e comanda situações extremas, também foi palco de diálogos acalorados entre o presidente David Palmer (Dennis Haysbert) e o agente Jack Bauer (Kiefer Sutherland) na primeira temporada de 24hs

A série The Brink, que estreou semana passada na HBO, manda pelos ares a liturgia da sala reservada e de outros dois espaços – fetiche recorrentes do gênero: a Embaixada dos Estados Unidos no Paquistão e um portentoso porta-aviões. 

O segundo capítulo será exibido neste domingo, dia 28, mas quem perdeu o primeiro pode acessá-lo na página do canal pago no Facebook (por tempo limitado) ou nas opções HBO GO ou HBO On Demand. 

Na série, o presidente é coadjuvante. O fio condutor é uma crise geopolítica e seus efeitos na vida de três homens desesperados: o secretário de Estado Walter Larson (Tim Robbins), o funcionário do Serviço Exterior Alex Talbot (Jack Black), e o piloto de caça da Marinha Zeke Tilson (Pablo Schreiber). 

Membro do primeiro escalão do governo, o secretário é um alcoólatra crônico que não faz a menor questão de usar balas de menta para esconder o bafo de whisky durante o meeting com o presidente e seu núcleo duro.

No caminho até a sala de situação, a secretária e fiel escudeira de Larson pergunta onde está a lista com nomes dos agentes secretos que atuam no Paquistão. “Esqueci no bar do Bob Vans”, responde o secretário, enquanto pinga colírio nos olhos. Depois de dinamitar o clichê das listas sigilosas de agentes secretos que vazam no Oriente Médio, o secretário de Estado protagoniza uma sequência de cenas hilárias no coração estratégico da Casa Branca.

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Na outra perna da história, Jack Black circula pelas mesmas ruas de Islamabad que serviram de labirinto para a agente Carrie (Claire Danes) na série Homeland. A diferença é que sua aventura fora dos muros seguros da Embaixada é motivada por uma causa nada nobre: comprar maconha. 

Depois de adquirir a erva, o funcionário do segundo escalão vê a capital do Paquistão entrar em polvorosa e, impossibilitado de voltar, se refugia na casa de seu motorista Rafiq (Aasif Mandvi). Este, por sua vez, mora com pai, que é psiquiatra do vilão fundamentalista maluco que deseja destruir os Estados Unidos. 

No terceiro eixo, o piloto da marinha Zeke Callahan, que é dependente químico, é convocado para uma missão na capital paquistanesa: explodir o núcleo xiita. Antes de decolar do porta-aviões, ele se equivoca na hora de escolher a pílula que o deixa ligado e chega para o combate completamente chapado. A cena é impagável. Ao reunir três astros da comédia para ridicularizar três núcleos sagrados da TV norte-americana, The Brink sinaliza com uma comédia de vida longa.

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