Série sobre sexo remete a ‘Mad Men’

‘Masters of Sex’, que estreia na HBO, conta a vida de médico que pesquisou benefícios do prazer nos anos 1950

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Por Gabriel Perline
Atualização:

Por que as mulheres fingem orgasmos? O que acontece com o corpo durante o ato sexual? E qual a razão de haver quem confunda prazer com amor? Embora atuais, essas questões, que ainda habitam o universo das inquietações humanas, foram feitas pelo médico William Masters na década de 1950. Em vez de sucumbir ao conservadorismo da época, desenvolveu um estudo científico ao longo de dez anos e revolucionou a medicina e a maneira como o mundo enxergava a sexualidade. Essa trajetória é o mote da série Masters of Sex, que será exibida no Brasil pela HBO a partir de segunda-feira, às 21 h.

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Assinada por Michelle Ashford, a trama é baseada no livro Masters of Sex: The Life and Times of William Masters and Virginia Johnson, de Thomas Maier, que relata o estudo desenvolvido pelo médico e sua assistente, Virginia Johnson, ex-cantora que virou secretária de um hospital, divorciada duas vezes, e que buscava sucesso profissional. Sua mente, muito à frente das mulheres da época, e a tranquilidade com a qual falava sobre sexo, colocaram-na na mira de Masters, que logo a escalou para ser sua parceira nos estudos. Casaram-se em 1971 e ficaram juntos por 20 anos, até que ele decidiu reencontrar o primeiro amor de sua vida.

A primeira temporada terá 12 episódios, e logo no piloto são apresentados os perfis dos protagonistas. William Masters, interpretado por Michael Sheen, é extremamente dedicado à pesquisa científica, o que o faz negligenciar o casamento com Libby (Caitlin Fitzgerald, sua namorada na vida real). Ironicamente, é um homem reprimido sexualmente. Sua mulher, submissa ao ponto de chamá-lo de “papai”, deprime-se facilmente por não conseguir engravidar. Ilude-se com a possibilidade de um problema de saúde que esteja atrapalhando seu sonho, quando, na verdade, a deficiência é do médico. O papel de Virginia coube a Lizzy Caplan, mãe de duas crianças, solteira, e sem pudores quanto ao sexo.

Por falar nisso, cenas quentes não faltam. Afinal, na vida real, o médico e sua assistente assistiram a mais de 10 mil orgasmos para desenvolver o estudo, e o capítulo inicial mostra quatro observações clínicas, além de dois momentos íntimos não científicos.

A problemática da trama está na época em que ela se passa. Tratar de sexo fora da esfera privada era tido como perversão. Barton Scully (Beau Bridges), amigo de Masters e reitor da Universidade em que o especialista atua, reluta a aceitar o projeto do médico. Embora acredite na justificativa, teme que um escândalo afete a reputação da instituição, mas muda de ideia após assistir a uma inusitada “pesquisa de campo”, com uma paciente voluntária, que utiliza um objeto inventado pelo médico: um vibrador de acrílico conectado a sensores e a uma pequena câmera que revela as contrações da vagina durante a masturbação.

Com o projeto autorizado, as pesquisas começam em sigilo. A movimentação chama a atenção de Austin Langham (Teddy Sears), um médico casado, mas com fama de mulherengo. Ele é convidado para uma das etapas do estudo de Masters e aceita prontamente, indo para a maca com diversas voluntárias.

Paralelamente à questão científica, os dramas dos personagens dão tom humano à história. O médico residente Ethan Haas (Nicholas D’Agosto) se apaixona por Virginia. Eles chegam a ir para a cama algumas vezes, mas a assistente prefere não assumir a relação e manter a “amizade colorida”, deixando o rapaz desnorteado. Barton verá seu casamento ruir com os estudos do amigo, e Masters, que não demonstra qualquer sentimento por sua mulher, amigos ou funcionários, sugere à assistente que ambos sejam cobaias de seus próprios estudos e passem a transar “em prol da ciência”.

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A estética da série lembra a aclamada Mad Men, com figurinos e trilha sonora que remetem à época. Embora os produtores não tenham se pronunciado sobre os planos de duração da série, e tendo em vista que Masters e Virginia ficaram juntos por 35 anos, acredita-se que a história foque a década em que a dupla trabalhou no estudo revolucionário.

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