Série ‘Hanna’ mostra as dores e delícias do amadurecimento de uma adolescente

Com 8 episódios, 'Hanna' narra a história de garota treinada para matar que tem de fugir da floresta onde sempre morou e se adaptar à vida na cidade

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Por Mariane Morisawa
Atualização:
Hanna é vivida pela atrizEsme Creed-Miles Foto: Amazon Vídeo

LOS ANGELES - Sete anos atrás, uma adolescente (Saoirse Ronan) criada pelo pai (Eric Bana) para ser uma assassina saiu de uma floresta, sendo perseguida pela agente Marissa Wiegler (Cate Blanchett), no filme Hanna, de Joe Wright. Mas para o roteirista David Farr faltavam coisas naquela história. “Joe Wright, com minha bênção, achou melhor focar na dinâmica Dorothy-Bruxa do Oeste, meio O Mágico de Oz, entre Hanna e Marissa”, disse Farr em entrevista ao Estado, em Los Angeles.

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“Então havia espaço para mostrar de onde ela veio, quem realmente é. Em termos de tom, queria algo mais íntimo, que fosse uma história de crescimento de uma adolescente descobrindo quem ela é. E também algo de thriller político.” Que ambiente melhor para fazer tudo isso do que a televisão – ou, ainda melhor, um serviço de streaming? Assim nasceu Hanna, com oito episódios, já no ar na Amazon Vídeo. 

Hanna (Esme Creed-Miles) é uma garota de 15 anos forçada a sair da floresta onde vive e se esconde com seu pai, Erik Heller (Joel Kinnaman). Marissa agora é vivida por Mireille Enos, e a personagem parece bem mais misteriosa desta vez. “Ela é apresentada bem devagar, mantendo a ambiguidade da história. Para mim era mais interessante tentar criar empatia por essa mulher, mesmo que ela esteja num papel mais de antagonista”, disse a atriz, que comemorou estar no elenco novamente com Kinnaman, com quem fez The Killing – Além de um Crime. “Foi ótimo, é muito raro ter a chance de trabalhar novamente com alguém que você adora. Melhor ainda porque a dinâmica entre nossos personagens aqui é bem diferente. Foi delicioso poder ser inimiga dele.”

Para Farr, Marissa fez coisas terríveis, mas é como se tivesse compartimentalizado psicologicamente. “Ela está tentando ser uma pessoa normal, com namorado, meio que um filho, vida na cidade. Mas o passado surge do nada, vindo da floresta.” Esse é um aspecto fundamental da série, segundo seu criador: a volta ao passado. “Hanna foi criada na floresta e não tem ideia de quem é. Não sabe mais se tudo o que achava saber está certo ou não. Ela começa a questionar tudo e parte numa jornada. Então é tanto um thriller para descobrir quem ela é de fato, mas também uma procura existencial. E as respostas estão no passado.”

A identidade é um tema em voga no cinema e na televisão atualmente. Farr contou que sua inspiração foi mais próxima. “Eu tenho duas filhas e percebi como é difícil crescer sendo garota. Há muita pressão, toda a questão da identidade nas mídias sociais.” Na série, Hanna conhece uma menina que é seu oposto, praticamente. Sophie (Rhianne Barreto) está a contragosto em férias com a família quando topa com Hanna. “Sophie tem todos os problemas que as adolescentes do mundo enfrentam. E Hanna, não. Ela nem sabe o que é Snapchat”, disse Farr. “Então são duas meninas muito diferentes, mas ambas estão perdidas e confusas.”

A diretora Sarah Adina Smith enfatizou ainda mais esse aspecto, que está alinhado com as discussões sobre as mulheres hoje. “A série ganhou uma ressonância política que não foi algo pensado, mas instintivo para mim, vendo o que minhas filhas estavam passando e vendo como era duro ser menina”, acrescentou Farr. 

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