Série ‘BoJack Horseman’ volta para terceira temporada e para o poço sem fundo

Animação agridoce com vozes de Will Arnett e Aaron Paul volta com terceira temporada ainda mais sombria

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Por Pedro Antunes
Atualização:

Quando o fundo do poço parece perto, BoJack Horseman, o cavalo humanoide protagonista da série de animação original do Netflix que leva seu nome, mostra que não. Ainda há muito mais escuridão para se mergulhar. Mais uma temporada, a terceira, chega nesta sexta-feira, 22, para chafurdar a vida desse personagem incapaz de dar um rumo na própria existência.

No universo surreal no qual animais andam sobre as patas traseiras e convivem com humanos em igualdade, criado pelo comediante Raphael Bob-Waksberg, BoJack é um ex-astro de uma sitcom bem ao estilo dos anos 1990 – com plateia durante as filmagens e aquelas risadas forçadas a cada frase de efeito dos personagens. O equino-humano vive da fama conquistada no passado, enquanto se afunda em questionamentos sobre a própria vida.

Cena da série BoJack Horseman 

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Ao longo das outras duas temporadas, BoJack, muito bem dublado por Will Arnett, teve todas as oportunidades para se regenerar. Uma biografia sobre sua vida desprezível, embora facilmente identificável, levou o público a conhecer mais da personalidade daquele normalmente cumprimentado por “Ei, você não é o cavalo (da série) Horsin’ Around?”. Na temporada seguinte, ele tem a chance de interpretar a vida de Secretariat, um ilustre cavalo por quem BoJack tinha grande admiração. Nada, contudo, parece satisfazê-lo.

BoJack Horseman, a série, é sobre o vazio. Aquele buraco que, por vezes, é escancarado e difícil de ser fechado. Alguém que tem tudo – ao que o trailer da terceira temporada indica, haverá possivelmente uma indicação para o Oscar para o cavalo –, mas ainda não se sente preenchido. Depressão, solidão e dependência (de alguém, algo ou o que quer que seja) comandam esse drama de humor estranho. E estranho é a melhor palavra para definir a animação.

De alguma forma, todos são BoJack Horseman em algum momento da vida. Em outros, o oposto dele. E o que fica claro é que o equino representa a sociedade contemporânea, suas necessidades e manias, melhor do que muito humano por aí.

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