Será que vale mesmo a pena ver de novo?

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Por Mário Viana
Atualização:

Não é sempre que a sessão Vale a Pena Ver de Novo faz jus ao nome. Há novelas que não mereciam sequer ser exibidas. Muito menos reprisadas. Mas também há aquelas em que tudo deu certo. A escalação do elenco foi de uma precisão cirúrgica, a trama bem urdida fluiu tranqüila e o charme era total. Da Cor do Pecado (2004) é um desses casos. A atual reprise da Globo alegra as tardes do espectador. João Emanuel Carneiro e sua equipe conduziram bem a história, com diálogos afiados e cenas redondinhas. Com a simpática Cobras & Lagartos, no ano passado, ele repetiu a façanha de cativar a audiência, mas na comparação com a atual reprise, Pecado sai ganhando. Tudo funcionou direitinho na história de Preta e Paco. Taís Araújo, como a primeira atriz negra a protagonizar uma novela na Globo, saiu-se muitíssimo bem. Giovanna Antonelli fez uma vilã na medida certa, uma vamp rancorosa e afogada em ambição. Lima Duarte foi outro que deu show, emocionando nas cenas em que Afonso enfrentava o neto Raí (o excelente Sergio Malheiros). A Família Sardinha (Rosi Campos e um elenco de filhos bonitos e sarados) conquistou a criançada com suas lutas de HQ. Até mesmo personagens exageradamente caricatos, como Pai Helinho e sua turma de trambiqueiros, fizeram sucesso. E a novela ainda contou com o tempero extra das cenas gravadas no Maranhão. Foi com a ajuda dessa novela que muita gente descobriu a beleza que existe nos casarões azulejados de São Luís. Pode até parecer estranho falar de uma reprise, na mesma semana em que a Rede Record bate recordes de audiência com o último capítulo de Vidas Opostas e estréia uma novela com toques de X-Man e Matrix. Mas ainda é cedo para dizer se estas novelas fincarão pé na memória afetiva do público. Afinal de contas, o que torna uma novela memorável? Serão os efeitos especiais? Será a trama ousada? Ou continua valendo a fórmula do amor impossível que vence barreiras? Talvez uma novela seja feita de cenas inesquecíveis - como o diálogo final de Paulo Gracindo e Yara Cortes, em O Casarão (1976), ou o café da manhã pastelão de Fernanda Montenegro e Paulo Autran, em Guerra dos Sexos (1983)? São muitas perguntas, mas quem arriscar uma resposta definitiva corre o sério risco de dar vexame.

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