‘Safra de ouro’ salva o cinema, diz Paulo Sérgio Almeida

Diretor e produtor afirma que streaming afeta mais o segmento de arte; País bate recorde de bilheteria com os blockbusters

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Por Thaís Ferraz e Leandro Nunes
Atualização:

De janeiro a julho deste ano, as bilheterias de cinema no Brasil arrecadaram R$ 1,8 bilhão. Foi um ano atípico, que caminha para registrar o maior faturamento da última década. Independentemente de crise ou de grandes lançamentos do streaming.

O diretor e produtor de cinema Paulo Sérgio Almeida Foto: Fabio Motta/AE

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O diretor e produtor de cinema Paulo Sérgio Almeida, fundador do portal Filme B, especializado no mercado cinematográfico, afirma que o grande feito foi conduzido pelos filmes blockbuster – juntos, Aladdin, Toy Story 4, Vingadores e O Rei Leão arrecadaram R$ 43 milhões no País. “Foi uma safra de ouro da Disney”, diz. 

A já gigante Marvel, incorporada pela companhia de Walt Disney, é um destaque à parte. Com Vingadores: Ultimato, filme que encerra a fase 3 de seu universo cinematográfico, conseguiu bater o recorde de Avatar (2009) e se tornou o filme com maior bilheteria na história do cinema, somando até o momento U$ 2,79 bilhões. 

“O público de cinema blockbuster está sendo fidelizado a partir da ‘mitologia’ da Marvel e da DC Comics. Ela é viciante, os adolescentes estão completamente apaixonados por isso”, afirma Almeida. “E os cinemas se prepararam para competir com o streaming apostando em infraestrutura: som dolby, conforto de multiplex, que oferecem uma experiência completamente diferente.” 

Almeida acredita que a popularização de plataformas de video-on-demand causa um impacto limitado no cinema. “Exceto fenômenos como Game of Thrones, que atraiu todo tipo de gente, os públicos são diferenciados”, afirma. 

Para ele, quem deve sofrer uma baixa maior é o cinema autoral. “Os filmes de arte ainda podem ser assistidos quase que da mesma maneira em um cinema e em uma tela de TV, pois não têm som imersivo, explosão, efeitos especiais”, afirma. “Enquanto os outros longas vêm sendo produzidos para serem vistos no cinema, os títulos de arte são mais baseados em diálogos.” 

O live-action Turma da Mônica: Laços, ainda em cartaz, já ultrapassou a marca de um milhão de espectadores, apesar da forte concorrência, como Homem-Aranha: Longe de Casa e Pets 2. “Em termos de mercado, o cinema brasileiro sempre encontrou uma maneira de sobreviver”, diz Almeida. O produtor cita fases como os filmes de Mazzaropi, Trapalhões e Xuxa, mas destaca a década de 2000, que viu lançamentos como Cidade de Deus, Carandiru e Lisbela e o Prisioneiro. “A briga entre streaming e cinema é de cachorro grande. O cinema está pronto para enfrentar”, afirma .

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