Ricardo Corte Real resgata DNA de 'Papai Sabe Nada'

Lendário seriado com Renato Corte Real inspira seu filho em 'Máximo e Confúcio', série produzida para a TV Cultura

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Por Cristina Padiglione
Atualização:
Gravando. Norival Rizzo e Leonardo Cortez em cena na Vila Madalenapara a serie Maximo e Confucio Foto: GABRIELA BILO/ESTADAO

Diretora de Máximo & Confúcio, série produzida pela MoonshotPictures para a TV Cultura, Eliana Fonseca define como “eixo” a ligação entre o enredo da vez e Papai Sabe Nada, lendário seriado protagonizado por Renato Corte Real na antiga TV Record. É quase uma tradução livre do que chamam de “spin-off”, série derivada de outra, o que não é prática rara na TV. Raro, sim, é retomar o espírito da coisa quase meio século depois. 

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O cenário da nova casa da família, que agora tem como pai quem foi filho na versão original – Ricardo Corte Real, herdeiro de Renato – estampa em uma das paredes um belo retrato do próprio Renato, que só faltou falar durante as gravações. Ou nem isso. “A gente conversava com o retrato do Renato e o retrato também falava com a gente, é quase como se o espírito do Renato estivesse ali no set”, diverte-se a diretora, em conversa com o Estado durante um dia de gravações externas em uma praça na Vila Madalena, em São Paulo. 

“É uma série que fala da relação pai-filho, é uma atuação que gera identificação. O Máximo é o pai, o Confúcio é o filho”, conta Leonardo Cortez, o Léo. Ele é parceiro de Ricardo na idealização do seriado, no roteiro e também em cena, intérprete que é de Confúcio, um sujeito de 40 anos que ainda sonha em ser cantor de reggae e tem interesse zero em ajudar o pai nos negócios. “Eles têm uma relação de perpétuo conflito, mas, ao mesmo tempo, de um amor inconfessável entre os dois. Isso se espelha também na relação do Máximo com o pai dele, que dialoga, por consequência, com a relação do Ricardinho com o Renato Corte Real. Então, a figura do pai está muito presente na série”, conta Léo.

Léo escreveu episódios bem mais longos do que os 30 minutos exigidos pela edição, tempo ideal para o gênero de comédia, segundo o produtor da série, Roberto D’Ávila, da Moonshot. A condensação do texto permitiu que se extraísse dali a essência da comédia, que não tem, de acordo com Léo e Eliana, aquele ritmo frenético hoje ditado pelo riso de internet. 

Também se distancia, claro, do tempo da série original, que era ao vivo.

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No enredo, Máximo, de origem humilde, construiu um pequeno império, mas foi à falência. Os funcionários que restaram vão trabalhar na casa do patrão, onde circula também dona Biloca Jacarandá (Patrícia Gasppar), mulher de Máximo e mãe de Confúcio, perua que se vê obrigada a trabalhar pela primeira vez na vida após o fim da empresa do marido. O elenco conta ainda com Robson Nunes, Daniel Dottori, Norival Rizzo – que dividia a cena com Léo no dia em que visitamos as gravações – e Luisa Valente.

Máximo e Confúcio eram os nomes dos protagonistas de Papai Sabe Nada, quando Ricardo contracenava com o pai, idealizador e autor da sitcom, criada como sátira de outro seriado americano na época – Papai Sabe Tudo. Contou com participações estelares, como Jô Soares, Adoniram Barbosa e Durval de Souza, entre os anos de 1962 a 1966. Ao convidar Léo para desenvolver o novo trabalho com ele, Ricardo sacou da gaveta textos inéditos do pai e recorreu a uma memória afetiva que envolveu a todos no set. “Aos 8 anos, ganhei um concurso de redação narrando que eu queria ser humorista quando crescesse, e minhas referências eram eles, Renato, Golias”, lembra Eliana.

A série está prevista para ir ao ar em 2016, em uma TV Cultura fragilizada pela falta de dinheiro em caixa. Mas a nova produção vem calçada no aval da Ancine para captar, por leis de incentivo, os quase R$ 2,5 milhões orçados para sua produção. 

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