Revelação em 2015, Camila Queiroz se destaca na novela das 6

Depois do sucesso de 'Verdades Secretas', atriz fala de seu papel em 'Êta Mundo Bom!'

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Por Adriana Del Ré
Atualização:

Foi tudo muito rápido. “Do dia para noite quase”, admite a própria Camila Queiroz. No ano passado, a então atriz estreante que iniciara sua carreira como modelo surgia na novela das 23h, Verdades Secretas, de Walcyr Carrasco, como uma das protagonistas da trama e o sucesso de sua personagem Angel foi imediato. As dúvidas em relação à interpretação de Camila - afinal, era uma novata fazendo um papel-chave para o desenrolar da ousada história criada por Carrasco - logo se dissiparam com o avançar dos capítulos. 

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Angel era feita de várias camadas e a jovem atriz conseguiu imprimir diferentes nuances a cada uma delas. De moça inocente que sonhava em ser modelo, a personagem de Camila passava pela fase em que entrava no jogo da dona da agência (Marieta Severo) que lhe apresentou o universo da prostituição de luxo, o tal book rosa. Mais adiante, enganou a mãe (Drica Moraes) dormindo com o padrasto (Rodrigo Lombardi) e, no fim, ela o mata com uma frieza sem precedentes para uma garota que havia se mostrado tão ingênua.

Poucos meses depois do fim de Verdades Secretas, a atriz já estava de volta à TV. Desta vez, como a romântica caipira Mafalda, na novela Êta Mundo Bom!, exibida na faixa das 18h na Globo. Também de Walcyr Carrasco, o folhetim tem como cenários o interior e a cidade de São Paulo dos anos 1940. “Você sair de um drama tão pesado para, duas semanas depois, estar gravando Mafalda é desafiador, porque é uma comédia”, conta Camila. “Com a Angel, era tudo em um tom bem mais baixo. Com a Mafalda, é tudo alegre, divertido. É gostoso viver isso.”

Camila Queiroz tem um jeito suave de falar, assinalado por um forte sotaque típico do interior de São Paulo. E, na novela das 6 Êta Mundo Bom!, exibida na Globo, ela o usa propositalmente ainda mais acentuado. No folhetim, a atriz paulista de 22 anos, nascida em Ribeirão Preto, interpreta a ingênua e romântica caipira Mafalda, que mora em uma fazenda com os pais Cunegundes (Elizabeth Savalla) e Quinzinho (Ary Fontoura). Além do sotaque, Camila buscou outras referências próprias para compor a simpática personagem em seu segundo trabalho na TV, que emendou após o sucesso em Verdades Secretas, em que viveu a modelo Angel. 

Estreante. A atriz paulista começou a carreira como modelo Foto: Gabriela Biló|Estadão

“Trago momentos da minha infância, da minha avó, que fala muito parecido com o jeito que a gente fala na fazenda (na novela). Pego palavras que ela fala para a Mafalda, porque meus avós, meus pais vieram da roça”, descreve a atriz, em entrevista ao Estado, por telefone, do Rio. Filha do meio entre três irmãs, de pai marceneiro e mãe manicure, ela conta que cresceu nesses ambientes, de sítios, ranchos. “No meio do mato”, graceja. Sua família por parte do pai é de Miguelópolis, cidade do interior paulista, que, segundo Camila, lembra a fictícia Piracema, de Êta Mundo Bom!. E, o lado da mãe vem do município de Sertãozinho, situado mais perto de Ribeirão. “São essas pessoas em que me baseio, não preciso ir tão longe para encontrar pessoas no estilo da Mafalda.” 

No início do ano passado, Camila Queiroz se mudou para o Rio. Quando não tem compromissos de trabalho, fica feliz com atividades simples, como ir ao teatro, ao cinema, à praia, sair para jantar, andar de bicicleta. Não é o caso de agora. E, por causa da rotina puxada de gravações, ela tem tido menos tempo para voltar à sua Ribeirão Preto, onde, aliás, tudo começou. Foi lá que, aos 14 anos, participou, como modelo, de um concurso no qual foi inscrita pela mãe. Saiu vencedora e acabou seguindo carreira. Viveu em São Paulo e passou temporadas fora do País - em Nova York, morou quase três anos. Mas, ainda assim, alimentava o desejo de ser atriz. “Sempre fui uma criança artista, fazia peça de teatro em casa, com as vizinhas.”

Em 2010, ela deixou um registro em vídeo na Globo e, na sequência, passou a ser chamada para testes na emissora. “Fiz testes para Malhação, séries, quase todos os horários de novela e nunca deu certo”, lembra ela. “Eu estava em Nova York e me chamaram para fazer o teste de Verdades Secretas.” Foi aprovada, com o consenso de todos, para o papel de Arlete/Angel. O que se seguiu foram três meses intensos de preparação - até então, ela só havia frequentado um curso de um mês voltado para televisão e cinema, em São Paulo. 

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Logo que se mudou para o Rio, ela, junto com outros jovens atores, começou a ter aulas com o preparador argentino Eduardo Milewicz. “Com ele, a gente trabalhou mais o lado ator - e o elenco foi criando também intimidade, foi se conhecendo”, diz. Depois, eles passaram por outro requisitado preparador, Sergio Penna, que os levou a entender e a se aprofundar em seus personagens. “Foi fundamental para todo mundo chegar em cena com muita intimidade, era uma novela que precisava de todo mundo se sentindo confortável de estar um com o outro.”

E qual o peso de pegar uma protagonista logo no primeiro trabalho na TV? “Eu sabia que tinha essa responsabilidade gigante na minha mão, mas eu tentava não focar nisso”, afirma. “Se eu focasse muito na protagonista, ia acabar ficando mais preocupada do que disponível ali para aprender e aproveitar cada segundo que a gente teve. Então, acho que tentei esquecer isso de alguma forma e aprender tudo o que eu pude e com todo mundo que estava ali. E a Angel não era melhor do que ninguém ali.” A boa resposta de público e imprensa especializada em relação à sua interpretação veio logo. “Eu não li todas as críticas que saíam, mas li a maior parte delas e, graças a Deus, foram construtivas.”

Novo desafio. O sucesso de sua Angel, no entanto, não deu a Camila passe direto para integrar o elenco de Êta Mundo Bom!, a novela seguinte de Walcyr Carrasco, autor de Verdades Secretas. Carrasco não estava convencido de que ela, depois de fazer a sedutora Angel, fosse capaz de dar vida a Mafalda, personagem do núcleo cômico da novela das 6 (leia entrevista com o autor abaixo). 

O diretor Jorge Fernando insistiu para que ela fizesse o teste. A jovem atriz soube de sua chance de disputar o papel “do meio para o fim de Verdades, no fim de agosto”. “Me falaram do teste, que o Jorginho (Fernando) queria muito que eu fizesse, porque ele achava que eu tinha a energia da personagem. Só que eu não tinha o perfil dela, acho que a personagem era para ser mais gordinha, com óculos fundo de garrafa, essas seriam as características que eles usariam para ela não arrumar marido. Só que eu não estava no padrão da personagem.” 

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Mesmo assim, Camila tentou e passou. “Lembro que fiz o teste no dia que a gente estava gravando o aniversário da Angel. Fiz o teste de manhã e, à tarde, eu estava gravando Verdades Secretas. Foi tranquilo, eu não saí do set para fazer o teste, saí de casa já pensando na Mafalda.” Ela foi aprovada sob as bênçãos de Walcyr Carrasco, que, no fim das contas, ficou impressionado com o que viu. 

Para Camila, foi natural ter sido submetida, mais uma vez, à avaliação. “Eu estava no ar com uma personagem muito diferente do que eles iam fazer e não tenho um histórico para que eles possam se basear, e acho superlegal a gente poder fazer teste. Dá uma emoção a mais. Fiquei muito feliz em ser convidada para fazer o teste. E mais ainda de ter passado.”

A mesma satisfação a atriz manifesta quando o assunto é mudar o tom da interpretação tão rápido, deixando para trás a femme fatale e indo ao encontro da figura da moça cheia de candura. “Espero que, na próxima personagem, eu tenha de virar outra chavinha.”ENTREVISTA'Ela mostrou que é uma atriz versátil' - Walcyr Carrasco - AUTOR Walcyr Carrasco, autor de Verdades Secretas e Êta Mundo Bom!, fala do trabalho de Camila. Como foi o crescimento de Camila Queiroz como atriz ao longo de Verdades Secretas?

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A Camila fez um workshop de três meses que o Mauro Mendonça Filho, diretor de Verdades Secretas, criou para o elenco jovem, e se saiu bem logo no começo das gravações. Ficamos surpresos por sua coragem e ousadia. Ao longo da novela, criou nuances de interpretação, contracenando com grandes atores como Drica Moraes, Rodrigo Lombardi e Marieta Severo.

Para Êta Mundo Bom!, você queria que ela fizesse teste também. Achava que ela teria dificuldade de se afastar da personagem Angel em tão pouco tempo?

Vou falar a verdade: eu jamais acreditava que a minha Angel fosse capaz de virar Mafalda. Acho que tinha ciúmes da personagem de Verdades Secretas! Mas o Silvio de Abreu teve a ideia, e o Jorge Fernando insistiu em fazer o teste, embora eu dissesse que não acreditava. Assim que eu vi o teste, dei um grito na poltrona: é ela! Como não vi antes. Eu é que estava apegado a Angel, mas ela mostrou que é uma atriz versátil.

E como Camila está se saindo como a inocente Mafalda?

Está maravilhosa, apresentando um lado cômico que eu nem imaginava existir. Faz uma caipirinha perfeita, ingênua e divertidíssima. Adoro!

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