21 de agosto de 2010 | 16h00
Ex-porra-louca. "O ator não pode deixar que sua vida pessoal encubra seus personagens"
Com 25 anos de carreira, Anne Heche participou de 28 filmes e 24 séries, mas foram os escândalos de sua vida pessoal que a fizeram mundialmente reconhecida.
Filha do fundador de uma igreja batista, Anne revelou ter sido molestada pelo pai, que assumiu a homossexualidade e morreu em decorrência da Aids, em 1983. Após ter namorado vários astros de Hollywood, em 97 assumiu seu relacionamento com a apresentadora Ellen DeGeneres. Hoje, aos 41 anos, mora com James Tupper, colega da série Men in Trees, em seu segundo casamento heterossexual. Tem dois filhos, de 8 e 1 ano e, nesta entrevista - concedida ao Estado e à imprensa internacional -, diz estar bem mais reservada e arrependida de tanta exposição.
Discutir tamanho do pênis na TV ainda é tabu, não?
Sim. E é pra quebrar essa barreira que a série se chama Hung (bem-dotado, em tradução livre). Mas, apesar do ótimo título, a série fala sobre o que as mulheres querem. E mulheres querem algo diferente. Tamanho de pênis não é obsessão feminina.
A série explora a sexualidade feminina, com mulheres que pagam por sexo - e isso causa estranheza. Porque, mesmo após a revolução sexual, as mulheres estranham o sexo por divertimento?
Não sei. Mas é maravilhoso a série mostrar que o que as mulheres querem é se sentir seguras e amadas. Ok, elas pagam por sexo. Mas, na verdade, estão pagando para ter o romance que falta em suas vidas. É um lado mais profundo da revolução sexual. Nos anos 60, as mulheres disseram: "Não preciso casar para ter sexo." Mostramos um lado mais emocional.
Qual foi sua reação quando leu esse roteiro tão original?
Amei. Achei interessante interpretar a Jessica de um jeito meio inocente. Ela era uma garota popular, apaixonou-se muito jovem pelo rei da escola, vivia num mundo de princesa e teve de lidar com a frustração quando viu que o sonho não se tornou real. Ela tem uma complicação emocional: "Quem eu sou agora, com 40 anos? É permitido que me torne algo diferente a essa altura?" A personagem é incrível.
Você se identifica com ela?
Sinto a vulnerabilidade dela. De verdade? Não é difícil entendê-la. Tenho muita compaixão por ela. Não acho que ela quis terminar do jeito que é. Vejo mulheres que esquecem de escutar a si mesmas e, de repente, veem-se com uma vida diferente do que sonharam.
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