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Programa 'Tá no Ar' volta para 4ª temporada mais crítico e musical

'Temos uma preocupação de tentar enxergar nos quadros em quem a gente estaria batendo ou criticando, porque o Tá No Ar tem uma coisa crítica, de posicionamento, mas a gente tem muito cuidado em ver: qual é a crítica que a gente tem aqui?', diz Marcelo Adnet

Por Adriana Del Ré
Atualização:

RIO - Caetano Veloso está sentado em uma cadeira de vime, com os caracóis dos cabelos desgrenhados, cantando Qualquer Coisa. Enquanto isso, a câmera lhe fita. Na verdade, parece ser Caetano, mas é Marcelo Adnet fazendo uma paródia do clipe original do cantor e compositor. O canto gravado, ao qual Adnet acompanha com a própria voz, se assemelha ao de Caetano. Vem, então, a surpresa: aquele canto é o de Adnet também. O ator e comediante gravava, na semana retrasada, em um dos estúdios do Projac, no Rio, um dos quadros musicais da 4.ª temporada do Tá No Ar: A TV Na TV, que estreia nesta terça-feira, 24, na Globo, após o BBB 17. A parte musical, aliás, voltará forte. “Devem ter umas 20 músicas na temporada, entre paródias e músicas originais”, adianta Adnet.

Elenco da quarta temporada de 'Tá no Ar' Foto: Raquel Cunha / Divulgação

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A 4.ª temporada de Tá No Ar: A TV Na TV, com direção artística de Maurício Farias, nem estreou ainda – só nesta terça, 24 – e o programa já está movimentando as redes sociais. Como a Globo tem feito com outros produtos da casa, o primeiro episódio da atração já está disponível para assinantes do GloboPlay e um dos quadros, o Branco no Brasil – que mostra como os brancos têm mais privilégios e vantagens em relação aos negros –, foi compartilhado e viralizou. O humor com viés crítico do time de roteiristas do Tá No Ar, liderado por Marcius Melhem e Marcelo Adnet, é um dos grandes trunfos do programa. 

Esse tom aparecerá em outros quadros, como num musical com personagens que representam alunos de uma escola ocupada em confronto com a polícia. “Acho que o Brasil tem muitas questões de Fla x Flu, essa questão da ocupação das escolas é uma delas. E a gente tem uma grande preocupação de tentar enxergar nos quadros em quem a gente estaria batendo ou criticando, porque o Tá No Ar tem uma coisa crítica, de posicionamento, mas a gente tem muito cuidado em ver: qual é a crítica que a gente tem aqui? Quando a gente faz o clipe da ocupação da escola, a crítica que existe é: os estudantes têm direito de fazer reivindicações, porque a educação no Brasil não vai bem”, pondera Adnet, em conversa com a imprensa no Projac, no Rio. “Mas não deixa de ser uma piada, uma brincadeira, porque a gente junta o estilo americano de fazer um musical, que é muito alegre, com uma situação absolutamente decadente: a escola é decadente, a educação brasileira é decadente, a cena é deprimente, tem spray de pimenta na cara.” 

E, quando a paródia envolve uma marca conhecida, a empresa é consultada? Segundo eles, isso não acontece. “A gente não usa o produto sacaneando ele, usa o produto para falar mal de outra coisa. O produto não tem por que se ofender. Então, eles se sentem junto com a gente com a piada”, afirma Daniela Ocampo, uma das roteiristas do programa. 

Elenco da quarta temporada de 'Tá no Ar' Foto: Raquel Cunha / Divulgação

Às vezes, a referência a uma marca é bem perceptível. Em outras, não passa de uma vaga inspiração. No mesmo dia que Adnet fez Caetano, as atrizes e comediantes Veronica Debom e Renata Gaspar gravaram um comercial para entrar na zapeada já tradicional dentro programa. Uma delas se senta ao lado da outra no sofá, diz que está “naqueles dias”, mas que está sem absorvente. A amiga saca a solução da bolsa e pergunta: “você quer com ou sem aba”? E a outra: ‘com aba’. E eis que surge diante delas o grupo ABBA. Marcius Melhem, Maurício Rizzo, Georgiana Góes e Luana Martau, gravidíssima, incorporam o quarteto sueco, com direito a figurino extravagante fiel ao do grupo e Rizzo tocando Dancing Queen no piano. 

E muitos atores da Globo continuam a pedir para fazer participação especial no programa. Em geral, essas aparições são hilárias – basta lembrar de Antonio Fagundes vivendo um ex-Menudo. “Os atores queridos da casa pedem para participar: ‘pode me sacanear’. E a gente: ‘vamos pensar em algo legal’. A Cláudia (Raia), que vem agora, já tinha encontrado com a gente e disse: ‘quando vocês quiserem’. A gente bolou uma cena para ela”, diz Melhem. Angélica é outra convidada: ela vai participar de um quadro em que pega um carro do Uber em vez de táxi – e isso vai causar confusão, afinal, ela é a dona do hit Vou de Táxi. Nesta temporada, há ainda outras participações, como Amaury Jr. (da RedeTV!), Regina Duarte, Lulu Santos, Sandy, Rodrigo Lombardi e outros. 

Alguns quadros de sucesso nas temporadas anteriores também foram mantidos, como Jardim Urgente (com o ótimo Welder Rodrigues como um genérico de Datena), Balada Vip, Te Prendi na TV e Militante. “A gente mantém aquilo que o público tem saudade, porque o programa só tem 12 (episódios) por ano”, diz Melhem. Qual o termômetro deles para isso? “A gente vai vendo no dia a dia e pelo feeling nosso. A gente sabe mais ou menos o que está funcionando”, ele completa. Os Karlakian, liderado pelo Tony Karlakian de Adnet, vão ganhar reality show. E os musicais permanecem fechando os episódios – no ano passado, o clipe Lord of the Ends – Spoiler foi uma bela sacada que também viralizou. “O Leonardo Lanna (um dos roteiristas) ama paródias. Ele traz para a gente algumas coisas de paródia. Sou mais da musica inédita, e os nove na redação fazem a letra, todo mundo junto”, detalha Adnet.

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Todo o processo de criação do programa se dá numa casa no Jardim Botânico, um coworking fora do Projac, com a redação do Tá No Ar no primeiro andar e a do Zorra, outro programa de Marcius Melhem e Maurício Farias, no terceiro. E com a mesma liberdade com que o programa nasceu. “A gente tem essa liberdade porque o discurso nosso é muito afinado, a gente trabalha muito no que a gente quer dizer e como quer dizer. A redação discute, depois entra o Maurício com olhar da direção. Então, quando chega para a direção da emissora, já vai muito conceituado: por que fazer aquilo e daquela forma”, diz Melhem. “A gente não tem nenhum tipo de proibição de nada. Óbvio que depois que a Globo banca um programa com esse nível de acidez, de liberdade, e isso dá certo, fica mais fácil. Fica mais fácil hoje do que quando o programa ainda não existe.” 

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