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Pouco céu para muita estrela

Volta de Márcio Garcia tempera cabo de guerra por artistas que opõem Globo e Record

Por Keila Jimenez , Patricia Villalba e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

Ele trocou um programa de sucesso, um salário farto, status de estrela, por uma proposta de fazer novela, talvez ganhar um programa, um bom salário, e voltar para a maior vitrine do País. Márcio Garcia está no time dos que integram o movimento contrário do mercado nos últimos meses: saiu da Record e voltou para a Globo. Volta por cima para um ex-michê de novela das 8 (vide Celebridade), sem farpas, mas que não deixa de ser mais tinta em uma guerra que está longe de acabar, e ganhou novas regras: a de contratos. Quase três anos após instalar-se no quintal da Globo no Rio e anunciar a contratação de cerca de 200 novos profissionais, quase 90% vindos da emissora carioca, a Record prova do próprio veneno. Além da cobiça sobre seu cast, a rede assiste a Globo abrir portas aos bons filhos - o que quase não ocorria no passado - vê suas estrelas com passe valorizado em outras bandas e tem de rever alguns dos salários inflacionados pelo assédio desmedido de anos atrás. Além de Garcia, que a Globo garante ter pedido para voltar, há muito mais gente fazendo o caminho inverso. E as portas estão mais abertas do que nunca. Mérito da guerra declarada contra a Record? Gente do alto escalão da Globo garante que não. Diz que o movimento de ex-globais voltando parece maior pelo simples fato de mais gente ter saído para outras emissoras nos últimos anos. E que a emissora da Barra Funda, por sua vez, está revendo salários, ou melhor, diminuindo, uma vez que inflacionou o passe de muita gente num passado breve. Mas que a Globo está de olho no que deu certo na Record, não se pode negar. Ainda mais se esse alguém for um profissional que saiu de lá como repórter e, na concorrente, virou estrela de primeira grandeza, a ponto de levar sua nova casa à liderança no Ibope. É o caso de Britto Jr., um dos quatro apresentadores do matutino Hoje em Dia. O jornalista evita dizer que há um gostinho especial em incomodar a ex-casa. Nega que tenha recebido propostas formais para trocar de emissora - "foram apenas sondagens" - mas, pelo sim, pelo não, a Record tratou logo de renovar o contrato dele e de seus colegas de programa até 2012. A exemplo da Globo, a Record também passou a investir mais em longos contratos e a negociar a renovação do que lhe convém com dois anos de antecedência. E não deve haver coincidência no detalhe de que o Hoje em Dia, em várias ocasiões nos últimos dias, tenha chegado ao topo da audiência. "Depois de 23 anos, se eu ficasse na Globo, não teria essa oportunidade", observa Britto Jr. "Lá tem muita estrela para um céu muito pequeno. A grade é apertada, tem muita gente querendo fazer, aparecer." Isso, no entanto, não se reflete nas novelas. A rede nega que o assédio da Record tenha desfalcado seu elenco e atribui a disputa de elenco interno ao excesso de produções em andamento. Um alto executivo, que pede para não ser identificado aqui, alega que os que trocaram de canal não são assim "nenhum Tony Ramos". Que a concorrência não levou Fagundes nem Montenegros, é consenso. Agora, de quantos Rodrigos Faros (mais nova aquisição da Record) é feita uma emissora? Essa guerra está longe de acabar.

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