Para viver uma vida de novela

O Leblon é o mesmo e José Mayer ainda é o tal. Em 'Viver a Vida', quem mudou foi a Helena

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Por Patricia Villalba
Atualização:

O título em letra frugal e as imagens na melhor luz de Paris, Jordânia e Rio de Janeiro dão a impressão de que a vida a ser vivida em

Viver a Vida

, a novela das 9 da Globo que estreia nesta segunda, 14, é coisa de capa de revista. Mas quem foi que disse que vida de personagem de Manoel Carlos é fácil?

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"A novela aborda todos os aspectos do título. É viver a vida que é possível viver, a vida que se tem para viver. É descobrir o valor que a vida tem para você", explica o autor, que recebeu o Estado para uma conversa (leia aqui) no Leblon, bairro que ajudou a tornar famoso e que será mais uma vez seu cenário principal. "Não é uma escolha elitista – é simplesmente porque eu moro aqui", explica. É a 14ª novela de sua carreira como autor e a oitava vez que a protagonista se chama Helena.

 

Aliás, o posto de "Helena do Maneco" é um mito da teledramaturgia, espécie de estrelinha dourada para enfeitar com classe da atriz que tirar a sorte grande. Desta vez, dois fatores o fazem ainda mais especial: Helena é jovem e negra. Maneco explica que só a juventude da personagem é relevante na trama – a cor da pele é consequência da escalação de Taís. "Poderia ser uma Helena japonesa", diz, sem desprezar o simbolismo que uma Helena negra carrega, ainda mais agora, na Era Obama. "Claro que o fato de ela ser a primeira protagonista negra de uma novela das ‘8’ já é um grande benefício. Mas que seja naturalmente, sem que a novela levante bandeira alguma", anota.

 

 

Com direção de Jayme Monjardim, Viver a Vida começa em 2008, e levará pouco mais de 20 capítulos para chegar aos dias atuais. Segundo o autor, é o tempo necessário para que a história comece e se estabeleça um pouco, "sem que ninguém fique fazendo contas para saber quanto tempo durou a gravidez da protagonista". Helena é uma top model que, com certa quilometragem de passarela, já está cansada da vida de glamour sem fim, doida para se fixar de vez no querido bairro do Leblon – claro. José Mayer é Marcos, mais uma vez o charmoso – agora de cabelos estrategicamente prateados – que aparece na história para tirar Helena do prumo. Ele se casam, e têm uma filha. Simples assim? Calma lá...

 

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Helena se apaixona por Marcos sem saber que ele é pai de Luciana (Alinne Moraes), modelo promissora e competitiva. O sonho de Luciana é superar Helena na profissão. As duas participam de um desfile em Petra, na Jordânia. Na volta, Luciana sofre um acidente e fica tetraplégica. Para ela, Helena é a culpada.

 

Superação é a palavra de ordem da novela. Não é uma novidade nas tramas de Manoel Carlos, que se interessa especialmente por isso. "De uma certa maneira, tenho falado sobre superação. Mas agora, o tema é usado num relevo maior, com maior realce. Eu me preocupo muito com a reabilitação dos meus personagens – que o Orestes (Paulo José) se recuperasse do alcoolismo, por exemplo, em Por Amor (1997)", diz ele, garantindo ainda que a Luciana não voltará a andar. "O importante é que ela se resolva como paraplégica."

 

Entre os personagens de destaque, está também Renata (Bárbara Paz). Por meio dela, Maneco dá nova abordagem ao alcoolismo, ao falar de drunkorexia. "A personagem nasceu de uma reportagem que eu li sobre o número de mulheres que começam a beber cada vez mais cedo. E a anorexia alcoólica é o distúrbio mais grave entre elas. Você para de comer para compensar as calorias que adquire ao beber."

 

'ADORO UM HOSPITAL’

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Numa olhada rápida, o telespectador pode notar: apesar de a protagonista de Viver a Vida ser uma top model, há mil possibilidades para que os personagens médicos brilhem na novela – há pelo menos cinco médicos importantes no folhetim, sem contar as enfermeiras. Maneco não se faz de desentendido, e admite: "Adoro um hospital! E quer saber? Acho que o público também gosta."

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Num hospital, ensina o autor, "o drama entra pela porta da frente". "É uma profissão muito boa de se trabalhar na ficção. O que você vai fazer com um personagem engenheiro? Ele vai trabalhar num escritório de engenharia, está bem. Mas qual o charme que isso tem? Já a cantina de um hospital, ah, é um universo incrível – tem um cara com tipoia no braço, uma mulher com tampão no olho, uma criança com febre...", detalha. "Outra coisa: tenho de procurar cenários que agregam, para os personagens se encontrarem. Por isso, quase toda novela tem um clube ou um bar. Se todo mundo ficar em casa, não tem novela!"

 

Viagem a convite da Globo

 

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