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Para Bial, Copa favorece retomada do ‘Na Moral’

Com sete episódios, 3ª temporada do programa estreia na quinta, tendo a identidade nacional como alvo do debate

Por Cristina Padiglione
Atualização:

Mais do que carnaval, a Copa do Mundo, dizíamos ainda outro dia, seria um divisor de águas no calendário nacional: nada aconteceria durante o evento. O que não chegasse até o início do mundial, ficaria para depois de seu término. A tese não vale para o Na Moral, programa que nos brinda com um Pedro Bial em função bem distinta daquela que lhe dá mais fama – o Big Brother Brasil – e diante de paredões certamente mais úteis ao debate nacional. Mas, aqui entre nós, não será uma cilada colocar no ar qualquer coisa neste momento em que só se discutem sobre bola, mordida e lágrimas em campo?

“Não, ao contrário”, reage Bial, em entrevista ao Estado, por e-mail. “Pode ser uma pausa para falar de outros assuntos, o Brasil não é só futebol”, pondera. “Mesmo durante a sensacional Copa que estamos sediando, os brasileiros não misturam mais as coisas – o futebol não monopoliza os interesses, até sugere novos. E nossos temas não estão necessariamente desvinculados do futebol. Mais do que isso, o Na Moral pega carona na onda de nacionalidade e discute isso em seu primeiro programa, que fala sobre ‘Identidade Nacional: o que faz do brasileiro, brasileiro?’.” Assim, atesta o apresentador, “a Copa só vai favorecer o Na Moral”.

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O programa nasceu em 2012, em uma televisão que, fora do mundo das mesas-redondas esportivas, havia abandonado esse filão de debates, segmento que já teve vaga diária em grandes redes no passado. E, se hoje a internet se ocupa de polarizar opiniões, enquanto a TV é tentada a comungar de uníssonos para se calçar em receitas bem-sucedidas de audiência, Bial discorda da tese que lhe proponho: por que a web tem hoje mais vocação para o debate que a TV?

“Não acho essa premissa verdadeira. A web pode até polarizar posições, mas não passa disso, não comporta debate. Não há debate em redes socais, apenas uma torrente de ‘opinadores’, disputando troféus de radicalismo. Nas redes sociais, as pessoas só trocam ideias com gente que pensa igual, muitas vezes a diferença é bloqueada ou ‘deletada’.” A relação humana com o universo digital, inclusive, será um dos temas da nova temporada, ele avisa. 

Sobre as diferenças entre a nova safra e as anteriores, considerando que esta será a temporada com menor número de episódios até agora, Bial acredita que ganha em “contundência, clareza, na narrativa e no encaminhamento dos debates, que estão mais diretos”. 

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“Desde o primeiro programa, o Na Moral chama as coisas pelos seus nomes. O que propomos é que se diga tudo com todas as letras. E essa proposta amadureceu nas primeiras temporadas e agora, de certa maneira, floresce, ganhando vigor na terceira temporada.”

Ele cita os movimentos populares iniciados nas ruas em junho passado como um momento propício à reflexão no País. “Nós, que buscamos discutir questões éticas, morais, em temas relevantes do nosso dia a dia, nos afinamos naturalmente com esse desejo de debate. O povo está cada vez mais receptivo para o debate.”

Mantendo plateia e participação musical em cena, o programa começa com identidade nacional e aborda o racismo no segundo episódio. O objetivo, endossa Bial, é usar o programa “como palco de debates”. “A palavra de ordem continua sendo o debate de questões morais que fazem parte do cotidiano; o que é certo, o que é errado? O que é moral, o que é imoral?”

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