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O riso forçado das terças-feiras

Por Mario Viana
Atualização:

Será que a sensação é só minha ou eu posso compartilhar com mais gente? Será que encontrarei entre os leitores alguém que também fique espantado quando começam a subir os créditos finais da série Toma lá, Dá Cá? Será que mais alguém resmunga que acabou de desperdiçar 60 preciosos minutos de sua vida assistindo a uma grande bobagem? Pois é exatamente assim que eu me sinto, quando me disponho a dar mais uma chance ao projeto cômico das terças-feiras globais. Não dá, né? Não é por falta de ator que a coisa não funciona. Nem de gente pra escrever - em geral, são cinco ou seis pessoas, comandadas por Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, que assinam os episódios. É gente demais metendo o bedelho e cortando o barato da piada. As histórias demoram para começar e, quando começam, acabam num piscar de olhos. Foi assim com o episódio De Véu e Grinalda, em que Rita (Marisa Orth) e Celinha (Adriana Esteves) decidem tirar o atraso e realizar o grande sonho de suas vidas, que era casar vestidas de branco. Até descobrirmos que era essa a trama, tivemos de agüentar a xaropada do velocípede de Tatalo (George Sauma) e outras besteiras. É autor demais. É trama demais. É tudo demais nesse seriado. A impressão é que os atores terminam a gravação sem voz - a rigor, só mesmo Adriana Esteves, Daniel Torres (o filho intelectual Adônis) e a empregada paranaense Bozena (Alessandra Maestrini) parecem saber a diferença entre energia e grito. Arlete Salles e Miguel Falabella só não berram mais que Isadora (Fernanda Souza, de volta ao corpão) e a síndica Álvara (Stella Miranda, que aqui funciona como um clone maduro da americana Courteney Cox, a Mônica de Friends). O excesso de gritos e a falta de sustância deixam o programa com uma cara de enganação. Não é, claro, porque tem muita gente boa envolvida e que, certamente, acredita no que está fazendo. Mas, pelo resultado, a receita desandou. Toma Lá, Dá Cá não cumpre o que promete nem no título. A gente dá a eles uma hora do nosso tempo e eles nos entregam um pastel de vento. Murcho.

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