'O povo gosta de luxo e exagero'

Entre a frescura e a batalha, Maria Eva entra na galeria de peruas impagáveis da TV

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Por Patricia Villalba
Atualização:

Com ouros ou folheados a ouro, gente boa ou mau-caráter, mas sempre exageradas e divertidas, não há audiência que resista a elas. Tanto, que hoje em dia é quase impossível não haver uma personagem perua em uma trama que se preze. A da vez é a Maria Eva, vivida com simpatia aos baldes por Letícia Spiller em Duas Caras. "Ela é uma legítima perua. Como um surfista ou um skatista, é de uma tribo, a tribo das peruas!", diverte-se a atriz. "Ela não tem medo de ser quem ela é."   Veja também: 'No fundo, todo mundo é' Não tem medo, tem orgulho. E assim, conquista espaço. O próximo pulo será montar um reinado na Portelinha. Empreendedora e sacudida, ela vai transformar a favela em roteiro turístico, para ser glorificada como "mãe dos pobres" - numa paródia à sua musa, Evita Perón. Para a atriz, a grande sacada da personagem é a união da frescura com a batalha, receita que causou empatia logo de cara. "Ela é uma perua do bem. Quando o marido perdeu o emprego, por exemplo, ela não pensou duas vezes, e voltou a trabalhar", observa Letícia. "Se ela fosse uma perua interesseira, como muita perua vazia que tem por aí, seria apenas uma caricatura. Mas é positiva, otimista, nunca deixa a peteca cair. Sabe viver bem e com alegria." Como disse outro dia Maria Eva, ao se enfeitar sem economia para ir à Portelinha, "o povo gosta de exagero e luxo". E de tanto agradar na tela, o termo perua passou de xingamento a elogio. Um dos "culpados", é o autor Silvio de Abreu, que criou uma galeria de personagens femininas extravagantes e inesquecíveis - desde Tina Pepper, de Cambalacho, a Mary Montilla, de Belíssima. "Não posso afirmar, mas desconfio que se as peruas de novela não foram totalmente responsáveis pela melhor aceitação das peruas de verdade, sem dúvida deram uma importante contribuição", teoriza. "Deve ser bem agradável ser comparada a uma mulher bonita, divertida e bem humorada que tem sempre uma boa frase na ponta da língua." Outro "rei das peruas", Carlos Lombardi lançou na TV o termo que andava pelas ruas em 1992. "O engraçado é que as peruas de Perigosas Peruas (Cidinha e Leda, interpretadas por Vera Fischer e Silvia Pfeifer) não eram peruas. Foi só um título feito com uma gíria nova na época", lembra ele. "As peruas hoje fazem parte do rua. Nada mais lógico do que incorporá-las às novelas."

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