O jornalista Fred Melo Paiva estreia o novo programa 'Cidade Ocupada'

Problemas de São Paulo são questionados com humor e informação na atração que será exibida às segundas-feiras na TV Gazeta

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Por Cristina Padiglione
Atualização:

Buscar diagnósticos e soluções para questões que afetam a cidade de São Paulo não é tarefa simples. Mas um programa de TV aberta disposto a tanto é capaz de contribuir, se não para resolver os grandes problemas, ao menos para alimentar no cidadão seu repertório de reflexão e cobranças ao poder público. Essa proposta se evidencia em Cidade Ocupada, programa que estreia nesta segunda-feira, dia 2, às 23h30, na TV Gazeta, com exibição semanal, sob o comando de Fred Melo Paiva.

Fred Melo Paiva, apresentador do programa 'Cidade Ocupada' Foto: Yuri Andreoli/Divulgação

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Jornalista responsável pela bem sucedida série O Infiltrado, no canal pago History, Fred tem se esmerado em trazer para a televisão formatos que fogem do trivial quando o conteúdo é informação – a começar pelo fato de ele assumir suas escolhas pessoais durante as buscas jornalísticas. No programa de hoje, por exemplo, em que o tema é a falta d’água, admite ser ateu a Jesus, padre da Paróquia de São Pedro. Sem receio de embalar informação em entretenimento, faz bom uso do humor e da fina ironia que os mineiros – caso do jornalista – dominam como ninguém.

“Esteticamente, sou um repórter sendo flagrado: não olho pra câmera, não tenho microfone, sou eu mesmo, com minhas roupas e meu sotaque mineiro, como no Infiltrado.” Guardadas as proporções de infra-estrutura (já que aqui falamos de modestos custos de produção) temos aí uma narrativa à moda Michael Moore.

Agora, apesar do debate em torno das ciclovias da cidade, Fred já não circula em cena com sua bike, como fazia n’O Infiltrado. “Fiz a besteira de comprar um carro de novo e fui ficando preguiçoso, quase não tenho andado de bicicleta. Se aparecesse de bicicleta agora, não seria eu”, argumenta.

Com um núcleo jovem criativo formado recentemente pela TV Gazeta, participa de todo o processo do programa, da escolha dos personagens à edição, “Faço o texto do Cidade Ocupada, que também tem um formato de textos em off que conduzem a narrativa. O princípio do programa é como se eu olhasse pra cidade e identificasse várias dinâmicas, as várias ocupações humanas, vários meandros e mecanismos de funcionamento. Se você se debruçar sobre a questão do lixo, da comida, como chega até nós, o que a gente come, e a água também, há vários caminhos a percorrer”, diz.

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O Cidade Ocupada também se valerá, a cada tema, das diversas tribos que ocupam a metrópole. O programa há de abordar ainda a questão das árvores e dos cachorros, dos ricos aos pobres, que compõem a cena urbana ali enfocada.

“De cada episódio, depois das minhas pesquisas, eu tiro uma pergunta crucial e vou atrás de responder a essa pergunta. A da estreia é “E se a água acabar?”

O assunto o leva à paróquia de São Pedro, na Mooca, à sede do Palácio do Governo (onde acena e grita para o governador Geraldo Alckmin, sem conseguir dele uma só palavra) e uma desocupada Câmara de Vereadores, em dias de CPI da água. De lá, segue para a sede do PSTU, onde busca o diagnóstico dos comunistas sobre o assunto. A acusação sobre a indústria o leva então à sede da Fiesp, que nega a condição de lobo mau da história, finalizada com o parecer técnico do professor que aponta o desmatamento como fator essencial para a escassez do produto.

“Faço isso de uma maneira mais engraçada, mais libertária. Tem entretenimento, tem humor, tem aquela visão que me leva pra essas coisas surreais.”

Punk na adolescência, Fred adota o punk paulista na trilha sonora. “O punk tem consciência política, não poupa ninguém e é irônico, é engraçado. As pessoas acham que punk é agressivo, mas, na verdade, é cômico. Acho o Cidade Ocupada um programa punk. Assumo as minhas escolhas, mas não vou poupar ninguém dos questionamentos que a gente fizer”, promete. A abertura traz o Cólera, banda muito importante no cenário do punk paulistano. “Tento dialogar com as letras das músicas durante a narrativa.”

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