06 de janeiro de 2008 | 00h03
Martin Scorsese não gosta de apontar o filme que marcou sua vida, mas, se muito pressionado, é bem provável que ele vá confessar e eleger A Tortura do Medo, que Michael Powell dirigiu em 1960 e que a Silver Screen acaba de lançar. A escolha, de fato, honraria sua carreira - trata-se de um filme maldito que, ao ser lançado, destruiu a carreira de Powell. Isso porque se trata de uma controversa meditação sobre a violência e voyeurismo. Karl H. Boehm interpreta Mark, um fotógrafo obcecado em capturar o medo no rosto das pessoas. Para isso, comete crimes e filma suas vítimas. Essa estranha necessidade surgiu por culpa de seu pai, um psiquiatra que o sujeitava quando criança a terríveis experiências, registrando suas reações em pequenos filmes caseiros. Na época do lançamento, Powell foi acusado de patológico pela imprensa, esquecendo-se que Hitchcock já tratara de voyeurismo no clássico Janela Indiscreta. Passado o tempo, A Tortura do Medo (que também é conhecido por Mórbida Curiosidade) comprovou ser um filme sobre o próprio cinema. A intensidade das imagens pode esgotar o espectador, que viverá, por outro lado, uma experiência intensa.
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