Para a atriz Andrea Riseborough, que interpreta Emma Lynwood, filha de um magnata do ramo de transportes marítimos, em ZeroZeroZero, um dos diferenciais da série foi não glamourizar o tráfico de drogas. “Eu já vi séries e li livros em que você quer fazer parte do que está acontecendo, em que o traficante é praticamente sensacionalizado”, conta.
“Nesta série, a diferença é que a cocaína, que nós acompanhamos ao longo de toda a série, é resultado das pessoas almejando poder. Acho que isso era muito profundo”, acrescenta.
Como que você se preparou para fazer uma série que retrata tráfico, cartéis e violência?
Eu li bastante sobre o ramo de negócios da minha personagem, que vem de uma família proprietária de uma empresa de transportes marítimos que tem mais de uma centena de anos e cuja sede fica em Nova Orleans. Achei que isso era crucial para entender a vida familiar da Emma (a personagem). Em reação ao tráfico de cocaína, foi um privilégio trabalhar em uma série criada por alguém que escreveu um livro muito técnico sobre o funcionamento do ramo. O livro do Roberto Saviano, que eu li, obviamente, dá uma boa ideia de como esse mundo funciona, embora seja ficcional. A série é uma extensão desse livro.
O Roberto Saviano segue um protocolo de segurança muito rígido. Chegou a conhecê-lo?
Sim, fizemos uma entrevista juntos no Festival de Cinema de Veneza. Ele participou conosco, divulgou muitos fatos sobre tráfico. Foi um privilégio estar lá, ele é uma pessoa muito corajosa, em detrimento da própria segurança.
Temos visto muitas séries que falam sobre drogas. 'Breaking Bad', 'Narcos', 'Fariña', 'El Chapo'. Você assistiu? Alguma ajudou a preparar para esse trabalho?
Assisti, mas não em preparação para essa. São muito diferentes. Enquanto existir o tráfico de cocaína, nós tentaremos compreendê-lo e retratá-lo nas nossas histórias. Sempre haverá histórias sobre cocaína aparecendo na tela. O que eu gostei desta é que o envolvimento com o tráfico não foi glamourizado. Eu já vi séries e li livros em que você quer fazer parte do que está acontecendo, em que o traficante é praticamente sensacionalizado. Nesta série, a diferença é que a cocaína, que nós acompanhamos ao longo de toda a série, é resultado das pessoas almejando poder. Acho que isso era muito profundo.
A sua personagem preferia não estar envolvida no que acontece na série, certo?
Não, acho que isso não é verdade. Ela está absolutamente envolvida. Talvez ela não consiga encarar de frente o que eles estão fazendo, não quer conversar sobre o fato de que ela e sua família são traficantes de drogas, mas ela quer respeito e poder. Quanto mais ela consegue, mais ela precisa e gosta, de uma maneira muito humana.
Quais são as suas visões sobre política antidrogas?
Não sinto que eu domino o assunto bem o bastante para responder a essa pergunta. Não tenho o conhecimento ou a expertise para poder falar disso.