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Novidades precisam de espaço para vingar

Por Mário Viana
Atualização:

A cada dia que passa, é preciso tomar decisões de forma mais rápida, no banco, emprego, supermercado. E na TV também. Pelo menos é o que se entende do projeto de especiais apresentados pela Globo em dezembro. Foram vários. A intenção da emissora é ver qual ou quais deles têm mais chance de emplacar. A maracutaia é que o telespectador precisa ser rápido no gatilho e escolher o preferido, assim que acaba de assistir. Como diria Juvenal Antena, epa, epa, epa! Se novela, que é novela, só consegue fisgar depois de alguns - ou vários - capítulos, por que os especiais têm de ser tão poderosos a ponto de cooptar uma legião de apaixonados em meros 40 minutos de programa? Ou todo mundo dentro da Globo já sabe quais especiais vão vingar ou tudo isso é só brincadeira. Internamente, a Globo estimula a competição entre roteiristas, pendurando na tela do computador de cada um a cenoura da programação oficial do ano seguinte. Para o telespectador, a emissora não poderia escolher época pior para exibir o cardápio de hipotéticas novidades. Dezembro é o mês dos amigos secretos, das confraternizações de fim de ano, das compras no shopping e do trânsito pavoroso. E o sujeito ainda tem de chegar em casa e ligar a TV pra ver um formato novo, às vezes com atores que nunca deram o ar da graça. Brincou. Falo por experiência própria. Só consegui assistir a um dos especiais - Casos e Acasos, que foi ao ar no dia 26. O programa é simpático. Leio na internet que a idéia era fazer um seriado sobre happy hour, o que já daria bons episódios. Mas o cruzamento de três histórias - de certa forma, imbuídas do espírito happy hour - ficou legal. Os roteiristas Daniel Adjafre e Marcius Melhem podem não ter descoberto a pólvora, mas fizeram direito a lição. E a direção de Mauricio Schechtman foi solta, sabendo tirar partido dos atores, incluindo a gordinha Érika Evantini. O papel de Michele, a ex-gostosa da turma, poderia cair no ridículo. No começo, fiquei de pé atrás: será que a piada está no fato de uma gordinha querer transar com o ex-colega bonitinho? O roteiro, que até resvala nisso, dá uma guinada, junta uma ponta aqui e outra ali, e termina com a desinibida Michele se revelando uma bela da tarde gorducha e sapeca. Não vi os outros especiais, mas de Casos e Acasos eu gostei. Voto nele. e-mail: mvianinha@hotmail.com

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