Noruegueses de 'Lilyhammer' arranjam confusão no Rio em nova temporada

Personagem da série se apaixona por brasileira de favela que conhece pela internet e acaba preso com drogas

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Por João Fernando
Atualização:

 “Estou suando bastante. Saí de Oslo com 5ºC e aqui faz 29ºC”, desabafa o norueguês Steinar Sagen. O ator faz parte do time de nórdicos que veio ao País em março para gravar cenas da terceira temporada de Lilyhammer, série do Netflix cujos oito episódios estarão disponíveis a partir de 21 de novembro. 

Na nova fase, Roar, personagem de Steinar, conhece uma brasileira pela internet e vai ao Rio, onde se mete em confusão e vai preso. “As coisas ficam complicadas no Rio. Tudo o que pode dar errado dá errado”, conta. Ao saber da situação de seu funcionário, o mafioso Frank Tagliano (Steven van Zandt) leva sua trupe para Brasil para tentar resolver tudo com sua maneira ilícita de negociar.

Torgeir (Trond Fausa, à esq.) e Frank (Steven van Zandt) vem ao Rio para salvar Roar (Steinar Sagen) Foto: Netflix/Divulgação

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A trama gira em torno de Frank, um bandido que negocia com o FBI informações sobre um chefão da máfia de Nova York em troca de uma nova identidade. Fã dos jogos de inverno de 1994, sediados em Lillehammer, ele parte para a Noruega, onde se apresenta como Giovanni Henriksen. Com hábitos do submundo, ele começa uma nova vida, porém, age como um típico capo e resolve os problemas na base de ameaça e subornos, em oposição ao modus operandi dos noruegueses, organizados e seguidores ferrenhos da lei. 

Além de atuar, Steven van Zandt também é roteirista e produtor executivo da série, o que pesou na escolha em gravar no Brasil. “Vim aqui no ano passado para tocar no Rock in Rio e tivemos a ideia. Cogitamos Cuba, mas gravar lá virou um problema. Olhamos o mapa e vimos que aqui estava no topo da lista. Temos bons produtores, equipe e atores aqui. E queria dar um jeito de voltar”, confessa o artista, que também toca guitarra na banda de Bruce Springsteen. O cantor, aliás, faz uma participação na temporada.

Acostumado com a ilegalidade, Frank tenta subornar um diplomata brasileiro, vivido por Eduardo Semerjian (o César de O Negócio) para tentar tirar Roar da cadeia. Entre os problemas do capanga está um envolvimento com cocaína, que reforça um dos estereótipos do País. “Temos cenas na prisão local e há 50 pessoas em uma cela, é como um inferno na terra. Fizemos uma cena também um presídio novo na Noruega, em que cada um tem sua cela e com televisão”, compara Steinar.

Cenas foram rodadas na favela do Vidigal. “É interessante como constroem no alto e uma casa em cima da outra. É aconchegante e os noruegueses gostam disso”, avalia Steinar, que chegou preocupado ao País. “Você ouve que não pode andar com o celular, pois vão te roubar. Não é assim, as pessoas são gentis.”

Lilyhammer brinca com os clichês da Noruega, onde a série se tornou popular por também ser transmitida na TV, com boa audiência. “A série toca nos problemas de nossa sociedade, como o serviço social, que irrita muito as pessoas. Criamos cenas com situações bem norueguesas e mudamos um pouco. Quanto mais local é, mais internacional fica. Talvez os noruegueses entendam melhor o aspecto cômico”, justifica Trond Fausa, que encarna o atrapalhado Torgeir, irmão de Roar e braço direito de Frank.

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Frequentador da Noruega desde os anos 1980, Steven conversava há dez anos com o ministério da Cultura de lá para promover o local. “Eles gastam US$ 20 milhões por ano e ninguém consegue citar um produto ou celebridade norueguesa. Só (o dramaturgo Henrik) Ibsen. E já tem tempo”, disse ao Estado.

James Gandolfini tinha papel na série antes de morrer

Por ter vivido o mafioso Silvio por oito anos em Família Soprano, da HBO, Steven van Zandt teve receio de encarar papel semelhante em Lilyhammer

“Frank pode ser parecido fisicamente com o Silvio, mas tem outro comportamento. Acho que estou em dois momentos-chave dessa era de ouro da TV com os Sopranos e agora com os serviços sob demanda”, avalia. 

Amigo de longa data de James Gandolfini, protagonista da série norte-americana, morto no ano passado, Steven havia escrito uma cena para o colega na produção norueguesa. “As gravações foram adiadas e ele morreu pouco tempo depois. Sinto a presença dele o tempo todo, pois isso aqui é muito parecido.

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