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'Não estamos dispostas a continuar aceitando relações tóxicas', diz Mariana Ximenes

Atriz fala sobre trabalhos recentes, como a comédia ‘L.O.C.A.’ e a novela ‘Nos Tempos do Imperador’

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

O primeiro Kikito a gente não esquece – o da atriz Mariana Ximenes ocupa um lugar especial na estante (e na vida) dela. Veio pelo papel em Um Homem Só, de Cláudia Jouvin. O filme era um pouco o Arsène Lupin brasileiro – um ladrão de casaca agindo no Rio da Belle Époque. A nova parceria de Mariana com a diretora estreou no streaming do Telecine: L.O.C.A. – Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor. Estreias não têm faltado na vida de Mariana nas últimas semanas. Ela também está – como a Condessa de Barral – na novela Nos Tempos do Imperador. E, nesta terça, 24, inicia nova fase do The Masked Singer Brasil. Convidados especiais vão se juntar ao júri permanente no programa de Ivete Sangalo. Mariana é a primeira. 

Cena do filme 'L.O.C.A.', de Claudia Jouvin, com Mariana Ximenes, Debora Lamm e Roberta Rodrigues Foto: Serendipity Inc

“É só uma participação, mas foi muito gostoso fazer. Sou amiga de todo mundo ali dentro, só faltava a Simone, que canta a música na trilha do L.O.C.A. A gente – Débora Lamm, Roberta Rodriguez e eu – gostava tanto da música que vivia cantando no set. Você não imagina como é divertido fazer (o Masked Singer).” E o filme? “É uma comédia transformadora feita por mulheres que estão querendo ressignificar questões de gênero que são fundamentais. No início da pandemia, nos unimos, um grupo de atrizes amigas, para fazer o Cara Palavra.” As outras – Andreia Horta, Bianca Comparato e Débora Falabella. “Cada uma na sua casa, a gente fez do programa online uma forma de se manter ativa e atuante face aos problemas do mundo. Incorporávamos os temas do dia a dia, foi um exercício de liberdade.”  Liberdade e comprometimento. E o L.O.C.A.? “O filme vai contra o estereótipo da loucura das mulheres, da TPM, de todas as coisas que dizem sobre a gente para tentar desqualificar o feminino.” O repórter arrisca – tem havido mais comédias sobre mulheres do que homens no cinema brasileiro recente. No começo dos 1970, havia Os Paqueras, Os Machões, agora tem a Ingrid Guimarães, a Mônica Martelli, as amigas do L.O.C.A. Por que isso ocorre? “Acho que é uma questão de atitude. Muitas dessas atrizes e comédias que você citou são anteriores ao #MeToo, mas agora está havendo um incremento.” Mulheres amigas jamais serão vencidas? “Não estamos dispostas a continuar aceitando relações tóxicas. Temos nossa voz, queremos nossas narrativas. E a Cláudia (diretora) sabe como abordar assuntos complicados de forma palatável. L.O.C.A. é diversão, mas com conteúdo.”  Mulheres modernas. Corte no tempo e no espaço para uma novela de época. Nos Tempos do Imperador. E...? “Estou muito feliz de fazer. As gravações estão mais lentas, por conta dos protocolos de segurança em relação à covid. A equipe toda trabalha de máscara, só nós, atores, fazemos nossas cenas sem, mas também ensaiamos com máscara e seguimos aqueles cuidados que você pode imaginar. Fazemos testes de dois em dois dias. Já estamos gravando o capítulo 105”, conta Mariana – a entrevista foi feita na sexta passada. Antes de iniciar as gravações, ela conta que teve um encontro com a historiadora e escritora Mary Del Priore para uma aula sobre o Brasil de Dom Pedro II, e a famosa condessa.  “Não sabia muita coisa, na verdade acho que não sabia nada. Já era uma mulher com atitude, abolicionista, é minha sina interpretar essas personagens. Meu pai encontrou um livro com a correspondência entre Dom Pedro e ela. Os dois haviam combinado de queimar suas cartas, mas ela conservou as dele. Ajudou bastante.” Selton Mello? “A novela está marcando o retorno do Selton às novelas depois de 20 anos. O Selton sempre foi muito talentoso, mas nesse período deu uma cara ao cinema brasileiro, virou diretor respeitado. Está sendo uma convivência muito linda, não só com ele. Tem a Letícia (Sabatella)...” O repórter a interrompe, citando a garota de nome complicado. Gabriela Medvedovski marcou presença na Malhação de Cao Hamburger, que venceu o Emmy Internacional. “A Gabriela é um assombro e eu sei disso porque minha personagem interage muito com ela.” O repórter tece loas à garota. “Vou contar para ela!”  Uma novela de época tem de ter cuidados especiais de cenografia e figurinos. Nos Tempos do Imperador tem enchido os olhos. Na semana passada, Mariana esteve deslumbrante num vestido preto com detalhes brancos. “Os vestidos são personagens”, ela diz. O diretor Vinícius Coimbra fez no cinema A Hora e a Vez de Augusto Matraga, a versão com João Miguel. É fera. “Concordo com você. Vinícius tem assinatura. É humano, sensível e preciso, o que é muito importante num diretor.” Por falar nisso, Júlio Bressane. “Já havia feito com ele o Dias de Nietzsche em Turim, agora temos o Capitu e o Capítulo, que já esteve em Roterdã. Gosto de experimentar novas linguagens. Quem melhor do que ele?” 

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