Monty Python não seria admitido na TV hoje, diz Terry Jones

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Por HENRIQUE ALMEIDA
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Terry Jones diz que o humor feito pelo Monty Python's Flying Circus era apenas um subproduto do verdadeiro objetivo do grupo: a subversão. O roteirista, diretor e ator de 64 anos disse à Reuters em Lisboa, antes da estréia mundial de seu novo musical, "Evil Machines", que ainda está surpreso com a popularidade da série de shows de TV e filmes do Monty Python. "Acho que uma razão disso é que nós, com o Python, escrevíamos apenas para nós seis mesmos", disse ele. "Nossa mensagem era: não acredite em nada que as pessoas dizem." Jones, que co-escreveu e atuou no seriado de TV britânico no final dos anos 1960 e início dos 1970 ao lado de Michael Palin, Terry Gilliam, John Cleese, Graham Chapman e Eric Idle, disse que o humor absurdo do grupo jamais seria tolerado pelos programadores de televisão de hoje. "Seria impossível fazer aquilo hoje. É preciso realmente satisfazer as necessidades das emissoras hoje, e elas fazem pesquisas com o público antes de encomendar programas", explicou. Jones, cujos muitos personagens malucos incluem os que representou em "A Vida de Brian" e "O Sentido da Vida", disse que não se enxerga como comediante e que odiaria fazer humor. "Não sou tão engraçado assim. Mas gosto de rir." O nome original do grupo, "Bun, Whackett, Buzzard, Stubble and Boot", foi rejeitado pela BBC, que pediu a Jones e seus amigos que criassem um nome que fosse mais fácil de ser lembrado pelos espectadores. "Passamos um tempão discutindo nomes", contou ele, revelando que outras propostas incluíram "A Horse, a Spoon and A Basin" (Um cavalo, uma colher e uma bacia), até o grupo finalmente se decidir por Monty Python's Flying Circus. Jones passou por uma cirurgia recente de câncer do cólon, mas disse que agora está muito bem. "Infelizmente, meu problema de saúde não é grave o bastante para vender muitos jornais, e o prognóstico é ainda mais decepcionante", disse ele em mensagem em seu site, www.terry-jones.net. Não apenas sua saúde está melhorando, como ele pretende continuar a escrever, dirigir e atuar enquanto puder. "Espero nunca me aposentar. Espero poder morrer atrelado."

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