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Menina, eu sou é homem. Sou?

À Tootsie e sempre divertidos, eles são elas e elas são eles no vale tudo da teledramaturgia

Por Alline Dauroiz
Atualização:

Ele é moreno, tem 1,80 m de altura, barba, voz grossa e um andar másculo. Seu personagem na novela Beleza Pura, da Globo, lembra os galãs do cinema antigo e já está arrasando corações.   Veja também: Ele quer viver Grace Kelly Confissões de ex-senhoras Pela descrição, parece se tratar de Reynaldo Gianecchini. Mas não. Quem dá vida ao dr. Mateus é a atriz Mônica Martelli, que também faz Helena na trama, mulher que perdeu o marido farmacêutico em um acidente e, para sustentar o filho asmático, assume o lugar do falecido em uma clínica estética. Ver uma mulher bancar o macho na TV é bem menos comum do que assistir a homens travestidos. Mas de qualquer maneira, esse personagens à Tootsie - filme que um ator desempregado faz o maior sucesso quando finge ser mulher - sempre divertem."Os homens me perseguem. Em minha primeira peça profissional, eu era Menelau, o rei de Esparta", conta a atriz. Por ser alta, Mônica diz que seu tipo físico deve tê-la ajudado a ganhar o papel na novela das 7. "Gravando com o Humberto Martins, ficamos quase do mesmo tamanho. E olha que uso sapato de homem." Segundo ela, além da estatura, a produção não estava atrás de uma humorista, mas de alguém que fizesse drama e comédia. E se você pensa que ter aparência masculina é algo rápido, que basta colocar um bigodinho, está enganado. Mônica como o dr. Mateus. Foto: Divulgação "Leva uma hora para pôr a barbicha. A Valéria Toth (responsável pela maquiagem) cola fio por fio para fazer o acabamento. Fica muito natural." Mesmo tendo uma voz grave, Mônica acredita que o mais difícil foi achar o tom certo para o dr. Mateus. "Faço fonoaudiólogo há muito tempo e pratico exercícios vocais meia hora antes de entrar em cena. Mas geralmente acabo ficando rouca." Adeus, pêlos Sempre presentes em humorísticos , os personagens de sexo trocado fazem parte da história da teledramaturgia. Glória Menezes que o diga. Em 1966, ainda na TV Excelsior, ela viveu Cristina e Cristiano, em Alma de Pedra, novela em que se passava por homem para vingar o pai assassinado. Seu personagem, assim como o de Mônica, foi obrigado a usar barba postiça. Mas na hora de saber quem sofre mais na pele do outro, os homens largam na frente. Para Lúcio Mauro Filho, que, em 2003 e 2004, fez parte de Sexo Frágil (em que todos os atores se vestiam de mulher), além da maquiagem, o pior era ter de depilar a sobrancelha e colocar um extensor que puxava o rosto para dar um ar mais delicado. "Dos meninos, só eu não tinha de depilar as pernas, por causa de A Grande Família. Passamos a entender as mulheres. Elas sofrem demais", fala o ator. Em Bang Bang (2005-06), Evandro Mesquita e Kadu Moliterno passaram apuros como as irmãs Henaide e Denaide. "A maquiagem era terrível. Aquele lápis de olho, o pancake, era chato pra caramba! Demorava mais de uma hora para fazer, porque tinha de esconder a sobrancelha. Mais para o fim da novela, começamos a simplificar, porque já não agüentávamos", conta, sem saudades e traumatizado, Evandro Mesquita. O ator ainda é categórico. Se o chamassem para um novo papel feminino, a primeira resposta seria um sonoro "não!".

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