Marketing que provoca orgasmos e dinheiro

Em 'O Negócio', garotas de programa traçam estratégias de mercado

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Por João Fernando
Atualização:

Em vez de posições sexuais, o vocabulário das garotas de programa de O Negócio é repleto de termos ditos por operadores da bolsa de valores. Na série, que estreia no próximo domingo, às 21 h, na HBO, as colegas de profissão - a mais antiga do mundo, como elas reforçam - Karin (Rafaela Mandelli), Luna (Juliana Schalch) e Magali (Michelle Batista) desenvolvem técnicas de marketing e mercado para atrair mais clientes.

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"O marketing está presente em muitos os lugares, principalmente nos que a gente não vê. A cada episódio que a gente recebia, se surpreendia e perguntava como é que ninguém havia pensando naquilo antes", contou Michelle ao Estado. "Você até esquece que está vendo uma série sobre garotas de programa", completa Juliana.

"Elas querem fazer uma revolução no setor em que trabalham. É uma commodity que não tem o mesmo uso de marketing que alguns produtos", compara Luca Paiva Mello, um dos criadores da atração, que se esforçou para juntar os assuntos em um roteiro de ficção.

"A ideia veio de uma relação familiar com o marketing, pois meu pai trabalhava com isso. Foi uma coisa que ficou dormindo na gaveta. Um dia, o Rodrigo Castilho (também criador) e eu estávamos fazendo um brainstorm e queríamos falar sobre negócios e sexo, esses dois grandes motores do mundo. Pensamos em como transformar uma série. Para a HBO, você precisa de um projeto que seja original, com um certo atrevimento, que seja sexy", descreve.

Segundo Roberto Rios, vice-presidente de produções originais latinas da HBO, o canal não impôs o tema aos roteiristas nem à Mixer, que produziu para a emissora. "A gente não fala: ‘Faça uma série sobre tal assunto’. Isso não existe. Não dá para fazer uma obra-prima toda segunda-feira. No diálogo com produtores, a gente sempre disse o que queria: o não convencional e o instigante."

Como as prostitutas da série fogem do estereótipo, as atrizes não procuraram garotas de programa para fazer laboratório. "Elas representam as garotas de classe AAA. A gente ficou atenta aos hotéis luxuosos. Não dava para cair no lugar-comum de só vestir um vestido colado", explica Michelle. "Não colocá-las para dentro, mas tentar tirar as personagens de dentro da gente", filosofa Rafaela.

Após um momento de crise econômica, as três, que atendem homens do mercado financeiro, começam a entender como funciona a bolsa e também têm lições de marketing. Com o passar do tempo, elas alugam uma sala comercial e se tornam vizinhas de executivos. "Um dia, fomos a um prédio da Berrini e o Luca falou: ‘Elas estão ali’, apontando para uma empresa", relembra Juliana.

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Em meio aos negócios, há discretas cenas de sexo em que as protagonistas aparecem com seus clientes, minuciosamente coreografadas. "Elas são elegantes, portanto, as cenas não poderiam ser apelativas", diz Juliana.

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