Mais uma novela chega ao fim

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Por Mário Vianna
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Enquanto alguns se divertiam com as trapalhadas de Rakelli (Ísis Valverde) e Suzy (Maria Clara Gueiros) em Beleza Pura, e outros contavam as surras que Catarina (Lília Cabral) levava de Léo (Jackson Antunes), em A Favorita, outra grande parcela do público acompanhou, com rara fidelidade, as estripulias dramáticas de Amor e Intrigas. A novela da estreante Gisele Joras terminou na terça-feira com boa audiência, mantida mesmo depois de duas mudanças de horário (uma tática considerada suicida, segundo os tecnocratas da TV). Desde o início, a própria autora afirmou que sua trama não pretendia inovar a teledramaturgia. Gisele não mentiu. Amor e Intrigas partiu de tramas conhecidas do público noveleiro - irmãs rivais, de temperamento e caráter opostos; matriarca avarenta e controladora; almas ingênuas versus espíritos de porco, etc. Até aí, nada demais, novela tem sempre isso mesmo. Mas Gisele e sua equipe souberam contar a velha história de sempre com certo charme. Seus diálogos podiam não concorrer aos melhores do ano, mas não machucavam os tímpanos. Os dois últimos capítulos foram uma verdadeira aula de lugares comuns noveleiros. O penúltimo, então, era um inacreditável vale de lágrimas, com os clichês desfilando um depois do outro. Pra quem pegasse o bonde andando, Amor e Intrigas era quase uma tragédia, com falecidos aparecendo (ou sendo mencionados) a cada cena - só mãezinha morta, foram duas. Teve até a cena das "grandes revelações", que só não virou chanchada porque Ester Góes, Otaviano Costa e Adriana Garambone rebolaram pra dar conta do recado. O derradeiro dia teve o alívio do final feliz generalizado. Pode ser que esse mostruário de chavões explique parte do sucesso da novela. Ainda há quem goste de ver o vilão punido com a morte, com a miséria ou com a solidão. Amor e Intrigas teve os três. E, entre beijos e juras de amor eterno, mostrou bons momentos de humor, como a versão Record de dona Flor e seus dois maridos - uma ousadia, de certa forma, pois reproduz, sem tirar nem pôr, o romance do baiano Jorge Amado, já transformado em filme e em minissérie na emissora concorrente. Globalização é isso aí.

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