Hoje, a banana teria outro destinatário

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Por Redação
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Se fosse possível, Reginaldo Faria não teria dúvidas em se vestir de Marco Aurélio mais uma vez, para mandar uma nova banana explosiva, como aquela do final de Vale Tudo. Só que, desta vez, ela teria endereço certo: "iria para quem está governando o Brasil". Na época, como foi a repercussão daquele polêmico final do Marco Aurélio? Às vezes acontece de as pessoas agredirem os atores quando eles são vilões nas novelas. Estranhamente, aconteceu o oposto comigo. Aliás, não teve nada de estranho. Acho que as pessoas gostavam desse personagem porque, de uma certa maneira, se projetavam nele. Ele representava o brasileiro querendo se mandar daqui, e foi o que ele fez: foi embora, deu uma banana para o Brasil e saiu levando dinheiro. O País estava muito ruim, as instituições eram desacreditadas, a inflação, enorme. Então, as pessoas não tinham sentimento ideológico, só pensavam em aplicações financeiras. Então, a banana não foi mal recebida? Hoje, a audiência rejeita vilões que não são punidos. Nós estamos vivendo uma democracia entre aspas para a qual nós lutamos, e nos decepcionamos. Então, hoje a decepção com qualquer elemento desses que passam pelas diversas CPIs é completamente diferente daquela época. E para levar uma novela tão ácida como aquela... Foi um ato de muita coragem do Gilberto Braga naquela época. Sinto que hoje em dia ele não faz mais isso. A televisão não era mais provocativa? Acho que vinha da formação política daquela geração, pessoas que tinham vivido momentos muito cruéis. Tudo isso machucava. E estava represado. Sim, nós tínhamos uma vontade muito grande de contar as nosssas verdades. Acho, inclusive, que a TV era muito mais atuante do que hoje. Se fosse hoje, o Marco Aurélio daria uma banana para o País? Se fosse hoje, a banana iria para quem está governando o Brasil.

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