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Glória Maria fala de sua volta ao 'Globo Repórter' e do antigo vídeo com Mick Jagger que viralizou

Após passar por uma cirurgia no cérebro e ficar 9 meses afastada do programa, a jornalista apresenta com Sandra Annenberg, nos dias 18 e 25, especial em homenagem aos 70 anos da TV brasileira

Por Adriana Del Ré
Atualização:

Com 40 anos de jornalismo, Glória Maria ficou conhecida, sobretudo, pelas reportagens que faz ao redor do mundo e pelas entrevistas com personalidades nacionais e internacionais. Agora, Glória vai ajudar a contar a história dos 70 anos da televisão no País – da qual ela própria faz parte – no Globo Repórter que vai ao ar nos dias 18 e 25 de setembro. Os dois programas serão apresentados por ela e Sandra Annenberg, que se unem a Edney Silvestre, Renato Machado e Isabela Assumpção para entrevistar atores, personalidades e apresentadores. “A gente pretende contar um pouco da história da televisão desde que ela surgiu. Vamos passar pela dramaturgia, pelo esporte, pelo jornalismo, pela música. É óbvio que não temos condições de mostrar tudo, primeiro, por causa do tempo e também muita coisa se perdeu”, diz Glória, em entrevista ao Estadão, por telefone, do Rio.

O primeiro programa desse especial será exibido na próxima sexta-feira, 18, exatamente 70 anos após a primeira transmissão de TV no Brasil, que ocorreu em 18 de setembro de 1950, com a inauguração da TV Tupi. E essa linha do tempo, segundo ela, passará por todas as emissoras. “Neste momento de modernização da televisão, resgatarmos um pouco do passado vai ser fundamental para podermos entender o que está acontecendo hoje. Quando você pensa que a TV começou ao vivo e agora está praticamente tudo ao vivo de novo, é uma coisa intrigante.” Glória conta que um dos entrevistados, o “Rei” Roberto Carlos, que apresentou o programa Jovem Guarda, exibido ao vivo, nos anos 1960, lembra que foi um dos momentos mais emocionantes quando se viu pela primeira vez num programa gravado. 

Glória Maria é uma das apresentadoras do especial em homenagem aos 70 anos da TV brasileira no 'Globo Repórter'. Foto: Victor Pollak/Globo 

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A apresentação desse especial marca o retorno de Glória ao Globo Repórter, onde está há dez anos. Ela estava afastada havia nove meses do programa, após passar por uma cirurgia no cérebro. Ela descobriu um tumor depois de desmaiar em casa. “Eu não tinha nenhum sintoma, nenhuma dor de cabeça. Caí em casa; tive um corte na cabeça. Fui ao hospital para costurar, e, no exame para descobrir por que eu tinha desmaiado, descobriram o tumor”, conta. “A cirurgia foi em novembro; quase em março eu estava recuperada. Não estava totalmente, mas já daria para trabalhar com muito cuidado. Não daria para viajar, porque eu ainda estava em tratamento. Aí veio a pandemia. Quando tive de parar de ir para o mundo, o mundo também parou.”

Com passagens pelo Jornal Nacional, pelo Jornal Hoje, entre outros, Glória lembra que foi para o Globo Repórter para concentrar as viagens pelo Brasil e poder cuidar mais das filhas, já que, no Fantástico, ela estava sempre em algum lugar do mundo. “De repente, mudou tudo: estou muito mais no mundo (risos). Mudou de uma maneira natural, mas consegui administrar minha vida como mãe, e as viagens foram surgindo cada vez mais porque deram supercerto no programa.”

Aliás, por causa dessas viagens pelo mundo, Glória se tornou uma espécie de rainha dos memes. “Eu adoro. Acho que é oficial: até bati a Gretchen no recorde de memes. Fazer trabalho jornalístico, que realmente me faz bem, me dá orgulho, orgulha as minhas filhas e ainda tem um lado de humor que as pessoas conseguem tirar disso, desse mundo tão triste, tão desigual, tão amargo. Você quer coisa melhor do que isso?”, diz. “Tudo é tirado do meu trabalho e não da minha vida pessoal; isso é o que me dá o maior orgulho.” 

Ela relembra a reportagem na Jamaica, onde fumou ganja, e a cena virou meme. “Foi um país que me marcou, porque fiz uma coisa que nunca tinha sido feita na TV brasileira e talvez na TV mundial, que foi ter fumado aquele negócio dos rastafáris. Então, se isso vira meme, que honra.” 

Entrevista que Glória Maria fez com Mick Jagger, em 1984, para o 'Jornal Nacional'viralizou nas redes sociais. Foto: Reprodução/Globo 

Agora, um antigo vídeo de Glória entrevistando Mick Jagger para o Jornal Nacional viralizou nas redes sociais. Em 1984, o líder dos Rolling Stones veio ao Brasil para gravar o clipe de Lucky in Love, de seu primeiro disco solo, She’s the Boss, e falou com exclusividade com a então novata jornalista. Chamaram atenção dos internautas, em especial, os olhares que Jagger lançava para Glória e o beijo que ele deu em seu rosto. 

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E, realmente, houve um flerte dele? “Quando estou trabalhando, não presto atenção em nada. Eu estava preocupada com meu inglês, que era péssimo na época, estava em pânico de estar com aquele ídolo que é o Mick Jagger. Nem prestei atenção se ele me olhou ou não. Aliás, hoje até lamento ter perdido essa chance, porque eu estava tão preocupada em fazer o trabalho direito”, diverte-se. “Fui prestar atenção agora. O que achei é que ele me olhou de um jeito carinhoso, de quem queria me dar uma força, uma pessoa totalmente sem preconceito. Estou lá com meu cabelinho black power. Eu era uma mulher negra, jovem, começando a fazer um trabalho, e ele estava lá encantado, tentando me ajudar naquele trabalho. Essa foi a leitura que fiz daquele vídeo. Vi que ele estava ali para me ajudar e não para me paquerar.”

Primeira repórter negra da TV brasileira, Glória conta que, quando começou a carreira, não tinha em quem se inspirar. “Porque não tinha outra repórter negra, eu tinha um caminho aberto para percorrer. Tive o privilégio, a sorte de entrar na TV Globo numa época em que tudo estava começando. Não tive obstáculo porque eu era negra. O fato de eu ser negra acho que até me ajudou”, afirma ela. “Eu tinha barreiras comigo mesma, de insegurança, de estar começando, de não saber direito o que fazer, porque eu não tinha em quem me espelhar. Eu tinha que correr atrás, tinha que aprender. Iniciei muito jovem. Então, as minhas dificuldades eram comigo mesma. E tive todo um caminho a percorrer.”

A apresentadora Sandra Annenberg e repórteres do 'Globo Repórter' falam sobre a contribuição do programa nos 70 anos de história da TV brasileira:  

Sandra Annenberg, apresentadora do 'Globo Repórter'. Foto: João Cotta/Globo 

Sandra Annemberg: "Sou recém-chegada ao Globo Repórter e agora vejo de dentro um programa que fez história na televisão brasileira. Há 47 anos, entrava no ar um espaço dedicado ao documentário jornalístico. O formato foi se modificando ao longo dos anos, mas nunca perdeu a essência: aprofundar um tema e dedicar um horário nobre para contar histórias reais que possam entreter, informar, compartilhar conhecimento e fazer o público viajar. Nos 29 anos em que trabalho na TV Globo, tive a chance de passar por todos os programas jornalísticos da emissora, só faltava o Globo Repórter. Que privilégio poder continuar contando histórias interessantes em um programa que faz parte da vida do brasileiro."

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Edney Silvestre: "O Globo Repórter trouxe para a televisão brasileira, desde os seus primórdios, aprofundamento em temas inquietantes, divertidos, curiosos e desconhecidos. Revelou o Brasil para os brasileiros, assim como aspectos inéditos de outros países e da natureza e do comportamento humano. Para nós jornalistas que o fazemos, o Globo Repórter abre a chance de tomar estradas mais amplas e novas - às vezes, literalmente."

Isabella Assumpção: "O Globo Repórter trouxe à TV aberta um espaço para apresentação de temas que tinham espaço limitado em outros noticiários. Ganharam os dois lados: o que fazem TV e os que assistem. A gama de temas abordados também se ampliou, contemplando assuntos diferenciados. Com foco em temas da atualidade ou investigando assuntos de interesse geral, o Globo Repórter marca lugar na programação como um produto que atende a um público amplo e variado. A cada semana, o programa traz um novo ângulo do País e mais um capítulo da história da TV."

Renato Machado: "O Globo Repórter responde a uma necessidade de todo veículo de comunicação, sobretudo da televisão hoje. São histórias contadas pelos nossos personagens que, assim como nós, vivem histórias comoventes, pessoais, que ficam pra sempre na memória. O Globo Repórter veste essas histórias com a realidade que nos cerca, com todas as dificuldades que enfrentamos. As pessoas estão na fila do alimento, na fila do medicamento, e o Globo Repórter está na fila com elas. O programa também é uma grande contribuição para a ciência porque muitos professores, médicos, hospitais de referência se encontram nele para o bem comum. Na verdade, o Globo Repórter é isso: uma história de busca do bem comum."

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