Fãs se identificam com personagens de 'Friends'

Duas décadas após estreia, seriado ainda dialoga com anseios e necessidades de jovens adultos em todo o mundo

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Por Thaís Ferraz
Atualização:
Os advogados Lucas Thairone, Ana Carolina Telles e Allan Dione no Sofá Café, em Pinheiros Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Para além da comédia, Friends fez um retrato honesto da transição para a vida adulta. Com personagens na casa dos 30 anos, que precisam ganhar a vida e dividir apartamento, o seriado consegue continuar atual e conquistar fãs que se identificam com os personagens e seus problemas. 

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Três amigos que dividem apartamento em São Paulo, os advogados Lucas Thairone Cunha , Ana Carolina Teles Maciel e Allan Dione Queiroz são fãs de Friends . “Eu comecei a assistir quando frequentava uma escola de inglês na minha cidade e um professor indicou a série para treinar inglês”, conta Lucas. “A paixão pela série foi imediata e permanece no mesmo nível até hoje”. 

O advogado afirma que as situações do seriado são reais. “Ele retrata pessoas adultas, com suas dificuldades financeiras, amorosas, acadêmicas, laborais, seus momentos de lazer, dúvidas, decisões importantes, e como dar a volta por cima em determinadas situações. São questões do nosso dia a dia, e fazemos referências ao seriado quando elas acontecem”. 

A advogada Ana Carolina Teles não lembra ao certo quando passou a acompanhar a série. “Eu lembro de acompanhar desde a infância, estava passando sempre na TV e eu o assistia de forma avulsa, muitas vezes sem entender muito, até pela idade”, conta. “Na época da faculdade, assisti a todas as temporadas de forma cronológica e constante, me apaixonando pelo seriado. Passar horas maratonando a série se tornou um refúgio”, diz.

Para ela, o grande trunfo da série é unir roteiro perspicaz a personagens com personalidades marcantes. “São histórias prazerosas de se acompanhar, que te dão uma sensação de compatibilidade. Em qualquer momento da sua vida, existe um episódio de Friends que irá ou te relaxar, te ajudar ou inspirar”, diz.

Allan Dione também destaca a importância do roteiro para o sucesso da série. “O ponto alto é o vanguardismo, pensando em uma série que passou predominantemente nos anos 90”, diz. “Ela abordava temas como independência feminina, orientação sexual, sempre a partir de pontos e contrapontos entre os próprios personagens”, diz.

 

Histórias múltiplas

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Com seis personagens principais, Friends consegue contemplar diversos perfis de jovens. Rachel Green vem de uma família com boa situação financeira e é extremamente bonita; Monica é determinada, tem alguns TOCs e sofreu bullying na adolescência; Phoebe teve uma infância sofrida e é extremamente doce e aluada; Ross é um grande nerd, sem sorte com as mulheres; Chandler é um piadista nato e Joey, um galanteador.

Mas os personagens se complexificam com o passar das temporadas, e ganham novas camadas. Como exemplo, Ana cita a história de Rachel. “Você acompanha durante 10 temporadas o seu claro crescimento, partindo de uma jovem mimada e dependente de uma figura masculina – seja do seu pai ou de futuro marido – para uma mulher independente, bem resolvida profissional e emocionalmente”. 

A mudança de Rachel fica evidente quando ela descobre estar grávida do ex-namorado, Ross. “Ela deixa muito claro que se ele não quiser participar da criação da criança, está tudo bem, ela assume completamente a responsabilidade de sua futura filha – por mais que o pai tenha tanto responsabilidade quanto – uma vez que não se vê mais uma jovem despreparada e insegura, dependente de um homem para lhe dar suporte”, diz Ana. “Ela se torna uma mulher dona de si, e é incrível acompanhar o seu crescimento ao longo das temporadas”.

Com 10 temporadas e 236 episódios, Friends conseguiu evitar, na maior parte do tempo, ‘cair na mesmice’. “Hoje temos várias séries que se arrastam por anos, que já foram perdendo seus telespectadores, por não conseguirem se sustentar e continuarem coerentes, o que não aconteceu com Friends em nenhuma das temporadas”, afirma Lucas. “Nada ali foi forçado em momento nenhum, e acredito que este é o motivo do sucesso”. Para ele, o formato de episódios independentes também ajuda. “Você pode assistir qualquer um a qualquer momento e não ficar perdido no que está acontecendo”.

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