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Estreia a série 'Valentins', que ajuda na criação da identidade da criança

Produção apresenta máquinas inovadoras, como a leitora de pensamentos, para incentivar criatividade

Foto do author Ubiratan Brasil
Por Ubiratan Brasil
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O misterioso desaparecimento dos pais obriga quatro irmãos a ficar sozinhos em sua casa, um lugar recheado de invenções malucas. Pior: elas também ficam sob a observação de um antigo amigo da família que, aos poucos, revela ser uma pessoa nada confiável. Eis o ponto de partida da série Valentins - Uma Família Muuuito Esperta, que estreia no Gloob (canal pago da Globosat com conteúdo exclusivamente dedicado ao público infantil), na segunda-feira, 12, às 20h30. Trata-se da produção mais custosa do canal e que abre as comemorações de seus cinco anos.

Valentins também inaugura a área de entretenimento infantil da jovem produtora Zola Filmes, que tem a atriz Cláudia Abreu como uma das sócias e responsável por uma de suas joias: o conteúdo para crianças. “Valentins é um projeto que vem sendo trabalhado há alguns anos e com todo cuidado necessário”, conta ela que, além de viver a mãe que some misteriosamente (o pai é interpretado por Guilherme Weber), assina o roteiro da série ao lado de Flavia Lins e Silva. E, para que a produção fique ajustada segundo o cuidado da dupla, a direção geral é assinada por José Henrique Fonseca.

Pai e mãe. Guilherme Weber e Cláudia Abreu: desaparecidos Foto: Kiko Cabral

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A relação de Cláudia com o universo infantil já é antiga. “Fiz Pluft, o Fantasminha (de Maria Clara Machado) duas vezes no teatro, em 2003 e 2013, e esse conteúdo extraordinário me deu vontade de criar algo original para as crianças. Valentins surgiu desse desejo de começar a escrever”, conta a atriz, que sente em casa a dificuldade com a reduzida oferta de qualidade para o público jovem - ela e Fonseca são pais de quatro filhos: duas meninas (de 16 e 10 anos) e dois garotos (6 e 5 anos), ou seja, um arco muito grande, que engloba praticamente todas as idades do público infantil e pré-adolescente.

“Minhas filhas assistiam a seriados como Hannah Montana que, apesar da qualidade, trazem até trejeitos americanos que são imitados e isso me incomodava. Temos ótimos produtos nacionais, mas ainda são poucos”, observa a atriz, que levou a ideia ainda de Valentins para Flavia Lins e Silva. Juntas, elas começaram a pesquisar qual seria o assunto mais recorrente no universo das crianças. Descobriram que é o medo - do desconhecido, do abstrato, da perda. “E o medo de perder os pais é comum a todas”, comenta Cláudia, que já observara o temor em casa. “Quando contava histórias para meus filhos, sempre pediam algo que tivesse o medo como conteúdo. Assim, esse se tornou o mote da série: como as crianças lidam com os próprios medos e que ferramentas podemos dar a elas para que enfrentem com autonomia. União entre irmãos, fortalecendo a família, também é um lema que a série incentiva.”

Ali estava o ponto de partida para as aventuras dos quatro irmãos Valentins.

O sumiço dos pais Alice e Artur não podia ser algo traumático, concluíram Cláudia Abreu e Flavia Lins e Silva, quando preparavam a série Valentins. Assim, o lúdico teria de estar presente e nada melhor que transformar os personagens paternos em cientistas. Assim, Alice (Cláudia) é uma alquimista culinária e Artur (Guilherme Weber) é um renomado químico e inventor. “São pessoas que têm uma loucura saudável na criação dos filhos, preparando-os para terem sua própria autonomia”, conta Cláudia.

Assim, os irmãos Betina (Rebecca Solter), João (Arthur Codeceira), Theo (Otávio Martins) e Lila (Duda Wendling) iniciam a temporada se descobrindo sozinhos - apenas o caçula, Theo, sabe que os pais se transformaram em camundongos, fruto de uma desastrosa invenção. “Os quatro protagonistas têm personalidades bem distintas, cada um com suas qualidades e fraquezas, e todos trabalham juntos para vencer as ameaças. O que um não tem, o outro complementa”, observa Paula Taborda dos Guaranys, gerente de conteúdo e programação do Gloob, em declaração ao material de divulgação da série. 

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Cláudia lembra que, quando criava as histórias com Flavia, uma de suas principais preocupações era justamente o unir quatro crianças bem distintas, o que facilitaria identificação com um maior número de jovens espectadores. “Assim, Betina, a mais velha, é a mais responsável, uma menina sem vaidades e, por isso, sobre bullying na escola. João não é bom aluno e manifesta seus descontentamentos por meio de atos rebeldes como pichar um muro. Já Lila é a mais medrosa e também a mais vaidosa. Finalmente, o pequeno Theo é o mais fantasioso e, por isso, não é levado a sério, mesmo sendo o único a saber que os pais não morreram”, detalha Cláudia.

Como os pais são inventores, as crianças lidam com naturalidade com as traquitanas que povoam sua casa, criações que encantam espectador de qualquer idade, como um armário que veste as roupas nas crianças, uma máquina de conselhos, um telefone que atende pelo nome de Graham Bell e um sistema de canos capaz de espalhar o aroma de bolinhos recém-saídos do forno por toda a vizinhança - lembre-se que Alice é uma alquimista culinária.

“São máquinas divertidas, inovadoras, que qualquer um adoraria ter em casa. Isso sem falar na tirolesa, que leva as crianças para fora de casa pela janela”, complementa Flavia, que hoje vive em Portugal, em depoimento colhido no material de divulgação da série.

Ao definirem os medos que pontuariam a série, Cláudia e Flavia foram cuidadosas. “Nós mapeamos todos os temores que rodeiam as crianças e cada capítulo será marcado por um deles, como medo de escuro, injeção, cobra, ladrão. Mas tivemos o cuidado para entrar em assuntos barra-pesada”, conta a atriz, que aponta para dois temas realmente delicados: o sequestro dos pais, que é um dos receios dos irmãos, um assunto infelizmente comum no imaginário da criança brasileira, e a descoberta de que aquela pessoa que se apresenta como amigo não é, de fato. 

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É o personagem vivido por Luis Lobianco: Randolfo sempre foi o grande amigo da família Valentim - padrinho de Lila, alimenta uma paixão platônica por Alice e ambiciona ocupar o lugar de Artur, tanto na família como profissionalmente. “Como não queríamos um vilão tradicional, Lobianco se encaixou perfeitamente graças a seu bom humor. Assim, as crianças poderão ter medo de suas atitudes, mas também vão debochar dele por causa de suas atitudes - Randolfo chega a se fantasiar de uma falsa governanta, por exemplo”, diverte-se Cláudia.

Valentins começou a ser gravada no ano passado e terá duas temporadas com 26 episódios cada uma. E, como se trata de uma grande produção, a equipe envolvida tem larga experiência, especialmente na área cinematográfica. “Era nossa intenção de apresentar um produto caprichado, realmente com uma estética de cinema”, comenta Cláudia. “Afinal, os jovens atuais estão acostumados com trabalhos apuradíssimos, como Harry Potter e Senhor dos Anéis. Não podíamos ficar distante dessa estética. Daí nossa opção de o Zé Henrique conceituar a série.”

“Desde o início, apostamos em uma narrativa clássica para facilitar a imersão do espectador na história”, comenta o cineasta. “Assim, a câmera não tem efeitos gratuitos - apenas quando a cena pede.” Fonseca, portanto, assume a direção geral, com os episódios sendo dirigidos por Calvito Leal e Duda Vaisman. 

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Capitão Gay inspira um longa

Valentins é um dos primeiros produtos apresentados neste ano pela Zola Filmes. Ainda na área infantil, vai ser lançado o canal Zola Kids na internet, onde, entre outras atrações, estará a série de animação Mico Maneco, inspirado no personagem criado por Ana Maria Machado.

Na dramaturgia adulta para a televisão, estão a segunda temporada de Lúcia McCartney (pelo canal GNT), a ser lançada no fim do ano, e a quarta de Os Homens São de Marte (para o mesmo canal). Entre as novidades, uma série policial baseada em 8 ou 9 contos do livro Rio Noir, que foi organizado por Tony Belotto. E outra série, essa de humor, será baseada no livro Como Montar uma Mulher-Bomba, de Luciana Pessanha. 

Já no cinema, a aposta é esperada: o longa Capitão Gay, inspirado no personagem criado por Jô Soares nos anos 1980. “Falei com ele sobre a ideia há seis anos e Jô adorou a ideia”, José Henrique Fonseca. “Ele até deve fazer uma participação especial.” Escrito e dirigido por Matheus Souza, o filme espera pela definição do protagonista, entre dois atores. 

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