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Esquisitos da Record pedem passagem

Descontrole remoto

Por Mário Viana e mvianinha@hotmail.com
Atualização:

Elegante, como convém a uma dama, V. atravessa a academia de ginástica e vem comentar os primeiros capítulos de Caminhos do Coração. "Interessante a mistura do mundo do circo com as pesquisas de genética. É tudo fantasia mesmo". Já o taxista D. aposta no sucesso da novela de Tiago Santiago. "A molecada vai querer dormir mais tarde só pra ver os meninos com superpoderes", diz. "Faz falta essa ficção nas novelas, né?" É bom lembrar que, esquisitos por esquisitos, a novela da Record não é pioneira. Saramandaia (1976) tinha gente que voava, botava formiga pelo nariz ou inflamava os lençóis quando se excitava. Em O Bofe (1973), o personagem de José Wilker morria de tanto rir. De todo modo, é fascinante a capacidade do brasileiro em se apoderar das novelas. Mal estreou uma obra e o sujeito já deu uma olhadinha e formou opinião. Mesmo quem reclama do excesso de clichês das novelas, acaba por usar exatamente esses clichês como referência. Com duas frases e um trejeito de ombros, descobre-se quem é o vilão, quem é a mocinha, quem vai ficar com quem no fim da história. Caminhos, já de cara, mostrou quem era quem. No time do bem, lutam Bianca Rinaldi, Fafá de Belém e a criançada esquisita. No time do mal, pelejam Ítala Nandi, Preta Gil e André Mattos (ótimo em seu look desagradável). E tem os personagens intermediários, como os homens da delegacia que mais parece fetiche de revista gay: Gabriel Braga Nunes, André Segatti e Guilherme Trajano devem ser os policiais mais bem apanhados do Brasil. É preciso arranhar também os insondáveis mistérios da escalação de atores, que ataca agora a Record. Como explicar que, mais uma vez, José Dumont faça o sujeito bronco? Só por causa de seu rosto inegavelmente nordestino? Será que só Lima Duarte está autorizado a transitar do cangaceiro para o empresário? Nem Stênio Garcia consegue furar o bloqueio! Outra dúvida: não houve ninguém no estúdio que desaconselhasse a cena em que a menina Tatiana (Letícia Medina) vê o assassino da mãe no avião? A menina gritou tanto, que todos os vidros a bordo estouraram, as luzes do avião entraram em curto e a aeronave quase foi pro beleléu. Pouco mais de um mês depois do pavoroso acidente da TAM, a cena foi de gosto bastante duvidoso - para ser bem polido.

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