Em cartaz na Netflix, ‘Star Trek – Discovery’ mostra a luta pela paz

Série tem primeira protagonista negra, Sonequa Martin-Green, do universo criado por Gene Roddenberry nos anos 1960

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Por Mariane Morisawa
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Los Angeles - Quando Gene Roddenberry lançou a série original Star Trek em 1966, o mundo estava mergulhado na Guerra Fria, e a segregação racial nos Estados Unidos tinha recém-acabado oficialmente. Passados 51 anos, a Terra não está num momento tão diferente assim. É nesse cenário que estreia Star Trek – Discovery, o quinto spin-off – depois de A Nova Geração, Deep Space Nine, Voyager e Enterprise, que terminou em 2005. 

Star Trek – Discovery, que entrou no ar na segunda-feira, 25, na Netflix, se passa dez anos antes dos eventos da série original. Criada por Bryan Fuller e Alex Kurtzman, que também está por trás do reboot cinematográfico de Star Trek, dirigido por J.J. Abrams, a série tem como personagem principal Michael Burnham (Sonequa Martin-Green, de The Walking Dead), a primeira mulher negra a ser protagonista no universo Star Trek. Humana, ela foi criada por dois vulcanos, os pais de Spock (Leonard Nimoy). Michael não é a capitã da nave Discovery – ela começa a série como oficial na nave da capitã Georgiou (Michelle Yeoh) e depois passa para a nave do capitão Gabriel Lorca (Jason Isaacs). “É um sonho poder fazer parte da história”, disse Martin-Green em entrevista à imprensa nos estúdios da CBS, em Los Angeles. 

Personagem deSonequa Martin-Green é a primeira protagonista negra do universo 'Star Trek' Foto: Jan Thijs/CBS

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Star Trek – Discovery passou por alguns percalços, perdendo seu criador – Fuller decidiu se dedicar apenas a American Gods – e tendo de adiar o lançamento. Kurtzman minimiza. “Chegamos para o estúdio (a CBS) e dissemos: ‘Queremos fazer algo incrível, e a pior coisa seria comprometer a qualidade para cumprir um prazo. Isso prejudica os fãs’.” Com cenários gigantescos e efeitos mecânicos em vez de totalmente digitais, e requintes como trilha tocada por orquestra de 60 músicos, não seria possível estrear em janeiro, como previsto, segundo ele. “Então levamos o tempo necessário”, explicou.

A série original ficou famosa por apresentar um universo em que as diversas espécies e raças convivem em harmonia. Mas em Star Trek – Discovery elas estão em guerra. “Tentamos descobrir quem somos como Federação e como coalizão de povos em face da adversidade”, contou Akiva Goldsman, um dos produtores. “Não é possível ser conciliador e tolerante como na série original sem trabalhar para isso, então nossa série é sobre essa luta.” Ele promete uma narrativa serializada, ou seja, que tem um arco a ser acompanhado em diversos episódios. Sonequa Martin-Green acha que vai ser interessante ver uma utopia ser realizada. “Uma coisa é falar de utopia, no plano teórico, até porque estamos vivendo hoje numa espécie de distopia. Outra coisa é ver em ação como os personagens se juntam para tentar colocar essa utopia em prática, num jogo de tentativa e erro.”

* 50 motivos pelos quais amamos 'Star Trek' ao longo dos seus 50 anos Para Jason Isaacs, Star Trek - Discovery não poderia estrear em melhor momento. “O mundo está cada vez mais dividido, com grupos sendo colocados em oposição. Há muito conflito”, ressaltou. “Na série, somos personagens complexos em tempos complexos, e nossa jornada tem tudo a ver com a série original, mas feita para o século 21 e a época cheia de nuances em que vivemos.” As mudanças podem ser percebidas nos Klingons, antagonistas clássicos do universo Star Trek. “Houve um esforço para mostrar que ambos os lados têm humanidade, que ninguém é o vilão”, disse a atriz Mary Chieffo, que faz L’Rell. Seu visual está bem diferente e com mais variação. Prova de que, ao menos em algumas coisas, o mundo avançou. 

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