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Elvira Madigan volta com seu esplendor

Versão restaurada do clássico sueco é lançada e ainda comove pela delicadeza de Widerberg

Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

A trágica história da artista circense dinamarquesa Elvira Madigan (nascida Hedvig Antoinette em 1867), que andava na corda bamba e morreu aos 22 anos com um tiro de seu amante, rendeu três filmes. O mais sensível deles, Elvira Madigan (1967), dirigido pelo sueco Bo Widerberg, acaba de ser lançado em DVD pela Versátil. Cannes deu o prêmio de melhor atriz para Pia Degermark, que acabou sofrendo tanto quanto sua heroína na vida real (virou dependente de álcool e foi encontrada vagando pelas ruas de Estocolmo). No filme, os dois amantes passam fome depois que um jovem e aristocrata tenente abandona o exército, a mulher e os dois filhos para viver seu grande amor extraconjugal, abrindo mão de sua carreira, posição social e família. Widerberg toma algumas liberdades com a história original, em que o tenente, por ser desertor, não encontra emprego e resolve fazer um pacto de morte com a amada. O filme tornou popular o andante do Concerto para Piano nº 21 de Mozart, chegando mesmo a identificar a obra como o "concerto de Elvira Madigan". A eloquência da peça mozartiana serve tanto como tema do idílico encontro do imaturo casal como para acompanhar o desespero dos dois quando a realidade bate à porta. Widerberg evita o tom melodramático, mas não dispensa cores impressionistas. O filme é quase uma tela de Renoir em movimento. Uma beleza.

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