Ela já começa como favorita

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Por Patricia Villalba
Atualização:

Dada a largada na nova novela das 9 da Globo, A Favorita, é capaz que Flora, a personagem de Patrícia Pillar esteja em vantagem na disputa com Donatela, vivida por Cláudia Raia. Flora começa a novela deixando a prisão, depois de 18 anos, onde pagou pena sob acusação de assassinar o pai de sua filha. Sustenta que é inocente, e joga a culpa em Donatela, figura exuberante que foi criada como sua irmã. Seria lógico dizer, então, que Flora é a mocinha da história. Mas se ter mais de uma cara é moda na teledramaturgia, Patrícia avisa que as aparências podem enganar. "A história da Flora toca o coração das pessoas, mas a versão da Donatela para os fatos é crível também. Acho que em certo momento, o público vai ficar na dúvida", explica a atriz, em entrevista ao Estado. Longe do horário das 9 desde O Rei do Gado (1996), onde viveu a sem-terra Luana, Patrícia diz que foi fisgada pelo texto de João Emanuel Carneiro para o papel em A Favorita. Produtora de discos e diretora de documentário - Waldick, Sempre No Meu Coração, sobre Waldick Soriano -, ela credita à vontade de tocar muitos projetos diferentes a sua pouca freqüência na TV. E prefere não comentar se isso tem ou não a ver com o fato de ser casada com o provável candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PSB). Como pode apresentar sua personagem, a Flora? É uma mulher que esteve presa, isso é uma coisa determinante da história dela. A novela começa com ela saindo da prisão, já determinada a provar a inocência e recuperar o amor da filha, dois movimentos bem fortes. A história dela basicamente gira em torno disso. E a novela gira em torno da disputa sobre quem está falando a verdade, sobre quem matou o ex-marido de Donatela. É. Elas têm uma relação complicada. Foram criadas como irmãs, tinham uma dupla sertaneja. A Donatela com uma personalidade exuberante, e a Flora, mais retraída. Por isso, a Donatela foi conquistando tudo o que era dela. Às vezes, ela se sentia meio lesada. A Donatela foi adotada pela família da Flora, que teve de dividir com ela os pais, a casa, tudo. Depois, ela perdeu a filha para ela. A novela é muito bem construída, é muito gostoso defender o ponto de vista dos personagens. Tem um jogo de mistério que é muito interessante. Sem querer fazer trocadilho, a Flora começa como favorita na disputa pela simpatia do público, pelo que dá para ver nas chamadas. Acha que ela tem uma torcida natural e a Donatela já começa com cara de vilã? A história da Flora é muito forte, toca o coração das pessoas. Só que os dois pontos de vista são muito sólidos. A história que a Donatela conta também é muito crível. De resto, eu não sei, ninguém sabe. A cada uma de nós (ela e Cláudia Raia) só resta defender o ponto de vista das nossas personagens. Eu acredito na Flora. Você fez uma preparação especial para a personagem? Sim, visitei o (presídio) Talavera Bruce para conhecer um pouco dessa experiência, embora nada seja parecido com a realidade de viver isso. Conheci tantas mulheres, cada uma com uma história de vida diferente. É interessante como o passado delas não está escrito no rosto. Olhando uma pessoa você nem sabe o que se passa com ela. O que acha da semelhança entre ela e a Júlia Mattos de Dancin? Days? Da Sônia Braga? Eu vi essa novela, mas não me lembro exatamente da história. Ela também começa a novela saindo da prisão e tenta reconquistar o amor da filha. Não me lembro. Lembro da Sônia Braga, da Glória Pires,da meia de lurex... (risos) Você está longe das novelas das 9 desde O Rei do Gado. Por quê? Eu gosto de fazer muitas coisas diferentes. Entre uma novela e outra, produzo livros e discos, dirigi um documentário e também o show do Waldick Soriano, fiz Zuzu Angel... E fiz novelas das 6 (Cabocla e Sinhá Moça) porque adoro os textos do Benedito Ruy Barbosa - ele me chama e é difícil eu recusar. Agora, esse texto do João Emanuel foi irresistível. Dei muita sorte em novelas das 9. Comecei com Roque Santeiro (1985), com o pé direito. Adorei Rainha da Sucata (1990), fazia uma empregada doméstica (Alaíde) que lutava pelos seus direitos e dançava lambada, uma delícia. Depois, em Renascer (1993), do Benedito, fiz a Eliana, uma mulher meio amoral. E depois O Rei do Gado (1996), que foi maravilhoso. Você acha que o seu casamento com deputado Ciro Gomes e o seu envolvimento na campanha dele em 2002 interferiram na maneira como tem conduzido sua carreira? Eu acho que o assunto hoje é a novela. Vamos deixar esse assunto para outra ocasião, tá? Não tenho nenhum grilo com isso, só não quero misturar com a novela.

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