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'Bastardos Inglórios', destaque de hoje na TV, e outros filmes de guerra que fizeram história

'Bastardos Inglários, de Quentin Tarantino', estreou há 10 anos e será exibido nesta quarta, 24, no canal Studio; veja outros filmes clássicos sobre a guerra feitos nos anos 1960 e 1970 - e um em 2018, de J. J. Abrams

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Nove da noite desta quarta, 24, no canal Studio, com reprise na quinta, 18h. O tenente Aldo Raine e seu bando de Bastardos desembarcam na Europa para caçar nazistas. O grupo de soldados judeus age por vingança, e o sargento Donowitz possui aquele porrete com o qual adora explodir cabeças de 'chucrutes'. Ops!, o termo é incorreto, não? E, claro, tem a bela Shosanna, com seu plano de matar Adolf Hitler durante uma sessão de cinema em sua sala de cinema parisiense. Está faltando alguém? Ah, sim, o sniper alemão no alto da torre.

Em 'Bastardos Inglórios', Tarantino faz uma inventiva incursão à 2ª Guerra Mundial Foto: The Weinstein Company

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Está recomeçando a grande aventura. Bastardos Inglórios, de 2009, comemora dez anos e o longa escrito e dirigido por Quentin Tarantino volta na TV paga, a poucos dias da estreia – 15 de agosto – do novo filme do cineasta, Era Uma Vez em Hollywood, de novo com Brad Pitt. O ex de Angelina Jolie faz o tenente Raine e, desde logo, pode-se dizer que os papeis com Tarantino – o dublê de ação Cliff Booth em Era Uma Vez... - estão entre os melhores de sua carreira.

Bastardos e Era Uma Vez... não são apenas filmes espetaculares de gênero. Os dois jogam personagens reais numa trama de ficção – até o Führer! Usam a fantasia para corrigir a história – e se o plano de Roxanne, interpretada por Mélanie Laurent, desse certo e Hitler fosse assassinado? Essa mesma liberdade ficcional é usada por Tarantino em Era Uma Vez..., que conta duas histórias, a do astro decadente de TV Rick Dalton/Leonardo DiCaprio e seu dublê, Cliff/Brad, e a do casal Roman Polanski/Sharon Tate naquele fatídico ano de 1969, vizinhos de Rick na mansão dele nas colinas de Hollywood. Numa certa noite de agosto, um grupinho de satanistas resolve fazer uma chacina, matando 'porcos' e...

Pára tudo – Tarantino vai reescrever a história, mas ainda não. Por enquanto, vamos fikcar com a guerra. Em Bastardos Inglórios, Tarantino ainda conta com Diane Kruger como a sexy Bridget von Hammersmark, com Eli Roth, ator (e diretor de filmes de terror) que tem cara de mais perigoso que o truculento Donowitz e com Christoph Waltz como o sinistro Coronel Landa, tão sádico que parece ter sido criado sob medida para expressar na tela toda a crueldade do nazismo. Waltz está tão bem que 'papou' todos os prêmios de coadjuvante do ano – Oscar, Globo de Ouro, Bafta, todos foram parar na estante dele. Tarantino nunca negou que se inspirou no clássico Os 12 Condenados, de Robert Aldrich, de 1967, com Lee Marvin, John Cassavetes, Jim Brown e Charles Bronson (ainda na fase de coadjuvante), tomando emprestado o título (e algo mais) de um filme italiano de guerra que os críticos sempre consideraram vagabundo, mas que ele venera – Inglorious Bastards, de Enzo G. Castellari, de 1978, com Bo Svenson e Fred Williamson, lançado no Brasil como Assalto ao Trem Blindado.

A seguir, filmes de guerra que fizeram história – não os clássicos antimilitaristas que os críticos adoram (e que incluem Morte sem Glória/Attack!, com Jack Palance, de 1956).

Os Canhões de Navarone, de 1961

O espectador que assiste hoje a Os Canhões de Navarone não imagina o sucesso que ele fez na época. A guerra como pura aventura. Grupo heterogêneo – Gregory Peck, David Nivern, Anthony Quinn, Irene Papas, etc – forma-se para tentar destruir os canhões alemães que dominam acesso a enclave grego onde soldados britânicos estão sitiados. Conseguirão concluir a missão? Ah, sim, no grupo há um traidor... Carl Foreman, que se exilara na Inglaterra para fugir da lista negra do macarethismo, escreve e J.Lee Thompson dirige. O filme é tão bom quanto parece na memória dos que o viram há quase 60 anos?

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Os Vitoriosos, de 1963

Os Vitoriosos é um daqueles filmes dos quais pouco se fala, hoje em dia. Roteirista célebre (Matar ou Morrer, de Fred Zinnemann, Os Canhões de Navarone), Carl Foreman também dirige. O avanço dos aliados na Europa, e os soldados se envolvem com mulheres que amam, degradam, prostituem.Um grande elenco feminino, com algumas das maiores estrelas da época (Romy Schneider, Jeanne Moreau, Melina Mercouri, Senta Berger, Rosanna Schiaffino, Elke Sommer), cada uma brilhando no episódio próprio. Mas a cena chocante é a reconstituição de um episódio real – o único soldado dos EUA executado por deserção na 2.ª Guerra. Fuzilado, e ao som de Jingle Bells, porque, afinal, é Natal.

A Invasão Secreta, de 1964

Se Robert Aldrich serviu de inspiração para Quentin Tarantino, o próprio Aldrich, nos anos 1960, foi acusado de se apropriar da trama de um filme menos conhecido do prolífico Roger Cormanb. Em A Invasão Secreta, cinco criminosos são mobilizados pelos aliados para recapturar um general italiano prisioneiro dos nazistas numa cidade fortificada da então Iugoslávia. A tese – a violência da guerra redime psicopatas de carteirinha. O plano final ficou famoso e foi repetido por Don Siegel no primeiro Dirty Harry, Perseguidor Implacável, com Clint Eastwood.

Os 12 Condenados, de 1967

Robert Aldrich aumentou os condenados, que passaram a 12. Treinados pelo major Reisman/Lee Marvin, eles têm de destruir um armazém de munições escondido num castelol de Rennes para, assim, facilitar o desembarue dos aliaados. A missão é suicida – poucos sobreviverão – e num recurso típíco do diretor o major contrata prostitutas para uma última noite de prazer de seus 'condenados'. Jim Brown, ex-jogador de futebol, tem, em Os 12 Condenados, aquela corrida memorável que, com certeza, inspirou o astro Tom Cruise na franquia Missão Impossível.

O Desafio das Águias, de 1968

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Em O Desafio das Águias, um grupo de soldados aliados tenta resgatar general norte-americano prisioneiro dos nazistas antes que ele, sob tortura, revele planos do Dia D. Richard Burton, Clint Eastwood e ação como só o diretor Brian G. Hutton sabia conduzir. Buretron disse, na época, que fez o filme para que seus filhos pequenos pudessem vê-lo na tela. Isso era Hollywood – seus filmes com Liz Taylor tinham sexo e eram PG13. Violência era liberada.

A Defesa do Castelo, de 1969

Soldados aliados ocupam castelo da Bélgica repleto de obras de arte que tentam salvar dos alemães. Paralelamente, o castelão, um nobre que sente que seu tempo está passando, joga a mulher nos braços do líder do grupo para conseguir um herdeiro. A Defesa do Castelo é um filme do começo da parceria do astro Burt Lancaster com o diretor Sidney Pollack. Ação, muita pirotecnia e Peter Falk, lembram dele, antes de virar o inspetor Columbo na TV.

Os Guerreiros Pilantras, de 1970

Juntos, de novo, o diretor Brian G. Hutton e o astro Clint Eastwood voltam à guerra em Os Guerreiros Pilantras. E dessa vez com um plano mirabolante – roubar uma fortuna em barras de ouro dos alemães, num local protegido por trás das linhas inimigas. Telly Savalas repete seu modelo de 'malvado', antes de ser resgatado pelo Kojak que criou na TV, lembram-se? Na grande cena, Hutton refaz um típico duelo de spaghetti western, com música e tudo.

Assalto ao Trem Blindado, de 1978

Quel Maledetto Treno Blindato, aquele maldito trem blindado virou Inglorious Bastards, como título internacional (Assalto ao Trem Blindado, em português) . Mudando-o ligeiramente, Inglorious Basterds – sacanas sem lei -, Quentin Tartantino apropriou-se do título, e não apenas. No último ano da 2.ª Guerrra, trem que transporta prisioneiros é atacado por nazistas, aliados, integrantes da resistência, etc. Os poucos sobreviventes precisam deixar um rastro de morte e (extrema) violência. Falou em crueldade e o diretor Enzo G. Castellari está à vontade. Não é, nunca foi, propriamente um mestre, mas Tarantino sempre curtiu seu sadismo.

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Operação Overlord, de 2018

J. J. Abrams – seu nome é sucesso, mas essa mistura de guerra e horror não fez o estouro esperado nos cinemas, embora seja tão extravagante quanto divertida. Quer dizer, divertida talvez não seja exatamente o termo. Grupo de soldados aliados é enviado para destruir torre de rádio numa velha igreja de vilarejo. O local abriga um laboratório secreto dos nazistas. Tentando criar o super-homem, cientistas criam... Monstros! Bem bom, mas tem de curtir um certo, ou muito, sadismo. Excesso? Com Jovan Adepo e o ex-jogador de hóquei no gelo, Wyatt Russell.

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