Após reformulações, 'BBB' completa 20 anos ainda em evidência

22ª edição do 'Big Brother Brasil' estreia nesta segunda, 17; relembre algumas mudanças no programa desde os seus primórdios

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Por André Carlos Zorzi
Atualização:

O BBB 22 estreia nesta segunda-feira, 17, diante de grande expectativa de parte do público, principalmente nas redes sociais. Após uma edição morna em 2019, os dois anos seguintes deram novo fôlego à atração com metade do elenco composto por famosos (veja os escolhidos da vez ao fim desta reportagem), trazendo à Globo o desafio de manter o interesse do público mais uma vez.

Tiago Leifert e Tadeu Schmidt 'atendem' ao Big Fone na casa do 'Big Brother Brasil'; troca de apresentadores é uma das mudanças mais sentidas pelo público ao longo da história do programa Foto: Victor Pollak/Globo/Divulgação|YouTube/@TV Globo

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2022 também marca o aniversário de 20 anos da primeira vez em que o Big Brother Brasil foi ao ar no Brasil, em 29 de janeiro de 2002. Ao longo das duas últimas décadas, o reality show passou por diversas alterações para se manter vivo na grade, tornando-se o mais longevo do País.

Apresentadores

A reformulação que chama mais atenção desta vez é na apresentação: com a saída de Tiago Leifert, Tadeu Schmidt será o responsável pelas interações com a casa e pelo contato diário com o público. Apesar da estranheza inicial, os nomes têm suas semelhanças: ambos são jornalistas e contam com passado ligado ao esporte da emissora (Leifert pela guinada descontraída no noticiário esportivo na década de 2010 e Schmidt com os 'cavalinhos' do Fantástico).

Diferentemente de Pedro Bial, que foi o rosto do programa ao longo de 15 anos e, por mais que tenha deixado várias 'marcas registradas', como os emocionados discursos de eliminação e os convites para dar uma "espiadinha", já apresentava sinais de desgaste, Tiago estava em seu auge, encontrando o tom certo e caído no gosto do público. Por motivos pessoais, porém, optou por deixar a Globo alegando "missão cumprida".

Houve ainda a apagada passagem de Marisa Orth como apresentadora na primeira edição do programa. A dupla com Bial, porém, não rendeu bons frutos e foi pouco duradoura.

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Questões sociais e diversidade também ganharam espaço ao longo dos anos - como ocorreu em boa parte da TV, no geral. Se nas primeiras edições a porcentagem de participantes negros era baixa, na mais recente eram nove entre os 20 competidores. Algo parecido ocorreu em relação aos LGBTQ+, grupo que compôs mais de um quarto do elenco nos últimos dois anos.

No BBB 21, foi dado o espaço à questão racial quando o sertanejo Rodolffo disse que uma peruca de homem das cavernas "parece o cabelo do João", seu colega negro que usava cabelo black power. Nos dias seguintes, ao vivo, João Luiz pôde demonstrar seu descontentamento com o comentário; Tiago Leifert também deu uma explicação sobre os motivos de a brincadeira ser considerada racista. Já no ano anterior, o machismo esteve em voga, o que pôde ser percebido nos paredões - dos dez primeiros eliminados, nove foram homens.

Durante o Jogo da Discórdia, João Luiz disseque Rodolffo comparou seu cabelo à peruca do homem das cavernas. Foto: Reprodução / GloboPlay

Para compararmos a evolução neste sentido, podemos voltar a 2005, quando durante a 'lavação de roupa suja' [episódio que reunia todos os participantes após o fim do programa para tratar sobre as polêmicas da casa], ao tratar sobre piadas homofóbicas ouvidas por Jean Wyllys, gay assumido, em vez de problematizar a questão, Pedro Bial interviu de forma que, hoje, provavelmente, seria mal vista pela própria produção: "Homofobia não é preconceito. Homofobia é um padrão de comportamento que acontece em todas as sociedade e culturas humanas através dos tempos. Onde há homossexualismo , há homofobia. Não é um processo consciente das pessoas".

Mudanças no jogo

O BBB costuma se sair bem no que diz respeito às inovações adotadas ao longo dos anos. Há propostas mais ousadas, seja em ambientes como o Quarto Branco e a Casa de Vidro, ou 'enganando' os participantes com paredões falsos, o revezamento de gêmeos como se fossem a mesma pessoa e até a participação do ator Juliano Laham como um suposto visitante libanês.

Casa de Vidro da 9ª edição do 'Big Brother Brasil', localizada em shopping no Rio de Janeiro. Foto: Tasso Marcelo / Estadão

Existem também ideias mirabolantes que fracassaram, como Os Silva, fantoches dublados por Heloísa Périssé e Lucio Mauro Filho que comentavam o BBB 17. O quadro saiu do ar sem dar grandes explicações e a maior parte do público sequer notou. Em 2016, houve a desnecessária implementação de voto regional - o que não mudou nenhum resultado, no fim das contas, mas deixava os dados mais confusos ao público.

Ao longo dos anos, algumas engrenagens fundamentais do que é o jogo hoje foram surgindo. Entre elas, a prova do Anjo, o castigo do Monstro, o uso de "estalecas", o racionamento de água, o big fone, a existência dos grupos Xepa e Vip, além da votação exclusiva por internet (no passado, era feita somente por telefone, e posteriormente também por SMS). Desde o ano retrasado, o #FeedBBB também permite que os participantes - muitos dos quais influenciadores do lado de fora - possam postar selfies ou vídeos curtos gravados em celulares cedidos pela produção em determinados períodos, sem acesso à internet, é claro.

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Pedro Bial ao lado da participante Leka durante apresentação da 1ª edição do 'BBB', em 2002 Foto: Globo/Divulgação

Há ainda o uso do termo "paredão", que 'pegou' entre os espectadores. Na primeira edição, usava-se "eliminação", "exclusão" ou "desclassificação". Na primeira noite decisiva, falou-se em quem seria o "despejado", por exemplo. O termo foi usado pela primeira vez por Adriano de Castro, na pioneira edição, e posteriormente adotado por Bial e pela Globo.

Além disso, inicialmente, a formação do paredão não era feita ao vivo. A votação era gravada e mostrada ao público no mesmo dia em que a casa sabia do resultado. Nas primeiras noites de eliminação, a emissora também dava parciais dos resultados, o que tirava completamente o fator surpresa e a imprevisibilidade para quem assistia, o que, felizmente, foi corrigido pouco depois.

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O que esperar do 'BBB 22'

A Globo coloca bastante expectativa no sucesso do BBB 22. Em uma das propagandas veiculadas na TV neste início de ano, a emissora cita que as edições anteriores contaram com 336 participantes e ficaram, ao todo, 1706 dias no ar. Mesmo destacando dados históricos, o anúncio mostra apenas momentos das duas últimas edições - possivelmente indicando que a ideia é seguir a mesma toada do BBB 20 e BBB 21. Poderiam ter incluído diversos outros nomes que, nestas duas décadas, marcaram a atração, ou até mesmo alguns que se destacaram em outras áreas posteriormente, como Sabrina Sato, Jean Wyllys, Grazi Massafera, Juliana Alves, Kaysar Dadour, Kleber Bambam e Fernando Fernandes (recentemente anunciado como apresentador do No Limite).

Tadeu Schmidt promete um programa "maior que Big", seja lá o que isso quer dizer. No Fantástico do último dia 9, foram prometidas ‘dicas’ sobre os participantes. Vieram informações bastante vagas, como alguns estados de origem de participantes e profissões, como “professora”, “estudante de medicina” e “influencer”, nada que fosse, de fato, relevante.

É normal que as emissoras façam barulho pelos carros-chefe de sua programação, mas, às vezes, a divulgação apresenta certo exagero: em 2021 o diretor Boninho chegou a publicar um anúncio no Instagram revelando a data em que seria divulgado o dia em que a lista de participantes seria revelada: ou seja, o anúncio do anúncio do anúncio.

A Globo já mostrou que sabe escolher bons elencos, mesclando 'anônimos' que têm algo a dizer com famosos que, muitas vezes, não são tão conhecidos (ou nada conhecidos) pelo grande público. Por isso, a tendência é que o BBBcontinue dando o que falar em 2022. 

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Para quem gosta, é um prato cheio. A quem não é fã, resta conviver com a 'contaminação' que o programa causa no restante da programação da Globo (é comum ver os assuntos do programa debatidos no Encontro, Mais Você, Domingão, entre outros) e até de outras emissoras.

Quem são os participantes famosos do 'BBB 22'

Arthur Aguiar: ator de Malhação, da versão brasileira de Rebelde e outras novelas, costuma ser notícia frequentemente por conta de seu relacionamento com a ex-BBB Maíra Cardi.

Douglas Silva: Marcado pelo papel de Acerola, da dupla com Laranjinha (Darlan Cunha), em Cidade dos Homens, esteve no elenco de Amor de Mãe como o traficante Marconi.

Maria: além de buscar uma projeção maior como cantora, também esteve em Amor de Mãe como Verena, mulher do vilão Alvaro (Irandhir Santos).

Linn da Quebrada: cantora engajada em causas sociais, fez parte do elenco da primeira temporada de Segunda Chamada, interpretando Natasha, vítima de transfobia na escola. Foi tema ainda do documentário Bixa Travesty, exibido no Festival de Berlim em 2018.

Tiago Abravanel: neto de Silvio Santos, fez alguns papéis no SBT e também na Globo, além de já ter participado da Dança dos Famosos e do Show dos Famosos. Ficou marcado também por interpretar Tim Maia no teatro.

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Naiara Azevedo: um dos principais nomes da leva de boas vozes femininas da música sertaneja atual, foi indicada ao Grammy Latino em 2018 pelo seu álbum Contraste.

Pedro Scooby: Surfista, é conhecido também por ser ex-marido de Luana Piovani e já ter se envolvido com a cantora Anitta, ambos os relacionamentos bastante expostos nas redes sociais. Em 2017, chamou atenção por conta de um acidente ao tentar pegar uma onda de 20m que lhe rendeu pontos na cabeça.

Paulo André Camilo: Um dos principais nomes em corridas em curta distância do atletismo brasileiro na atualidade, chegou a disputar a Olimpíada de Tóquio em 2021, apesar de não ter conseguido uma medalha.

Brunna Gonçalves: bailarina que conta com milhões de seguidores nas redes sociais, também é lembrada por ser mulher da cantora Ludmilla.

Jade Picon: influenciadora digital, é a participante com mais seguidores entre os participantes do BBB 22, com cerca de 15 milhões no dia de estreia da atração.

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