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Antologia resgata humor varrido de cena

Piadas politicamente incorretas recheiam tributo aos 30 anos da Casseta Popular

Por Cristina Padiglione
Atualização:

As noites de suas terças-feiras estão um tédio? Você já não encontra mais naquele humorístico a mesma graça de outros tempos? Seus problemas acabaram. Chegou a Antologia Casseta Popular (Ed. Desiderata, R$ 70), seleção das criações de uma das publicações embrionárias do programa de TV da Globo - a outra era o Planeta Diário, de onde viriam Hubert e Reinaldo, a se juntar a Bussunda, Cláudio Manoel e ao trio fundador do fanzine Casseta: Hélio de la Peña, Marcelo Madureira e Beto Silva. O tamanho da plateia, como nos disse uma vez Cláudio Manoel, é inversamente proporcional à liberdade que se tem nessa praia. Isso explica parte da graça perdida. Mas o que impressiona, na Antologia organizada por Arthur Dapieve, é o despudor em debochar de tudo e todos, sem perdoar negro, judeu, mulher, gay e todas as categorias que hoje não se permitem ser ironizadas nem quando o objetivo da piada é protegê-las do preconceito. Michael Jackson é retratado como escravo e Adolpho Bloch (Rede Moishete) é um dos alvos judaicos prediletos. O escracho sobre políticos e celebridades também beirava o irresponsável - vide a fotomontagem da então ministra Zélia Cardoso de Mello com figurino sadomasô. E, brecha que só a era pré-urna eletrônica poderia promover, uma campanha para eleger um chimpanzé a prefeito do Rio mobilizou a mídia e emplacou o Macaco Tião como terceiro colocado no pleito de 1988. Mas a Antologia revela também como é antiga a obsessão dos Cassetas por determinados temas - o peido, desculpe, flatulência -, já era mote de tratado naqueles idos.

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