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Andréia Horta retorna para nova temporada do programa ‘O País do Cinema’

No Canal Brasil, atriz e apresentadora recebe profissionais do cinema

Por Eliana Silva de Souza
Atualização:

Em meio a diversos personagens que já personificou, como é o caso do sucesso na pele da cantora Elis Regina, a atriz Andréia Horta se viu ocupando um posto que a realiza também. Ela comanda, desde 2018, o programa O País do Cinema, que acaba de estrear sua nova temporada, no Canal Brasil, e que conta com direção de Marcello Ludwig Maia.

É exibido sempre às quintas, à meia-noite, com reprise aos sábados, às 13h, e às quartas, às 7h, e ainda com a possibilidade de ver no Canal Brasil Play. Nele, a apresentadora recebe profissionais que fazem cinema: realizadores, diretores e intérpretes. Em entrevista ao Estadão, Andréia fala do programa, de projetos e de como está sendo sua quarentena. 

Em cena. Apresentadora Andréia Horta recebe colegas para falar de cinema Foto: Ana Paula Amorim

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  • Que novidades terá o programa nesta nova temporada?

Nesta temporada, nós teremos 13 episódios, ou seja, metade do número das anteriores. A grande novidade é que exibiremos o filme antes e, em seguida, teremos a entrevista com os convidados. A gente acredita que isso seja uma oportunidade maravilhosa para quem assistiu ao filme da semana e gostaria de saber mais sobre o processo de produção, elenco e histórias que envolvam o longa.

  • Quem gostaria de ter no programa, mas ainda não conseguiu espaço na agenda para isso?

Foram muitos os convidados que adoraríamos ter tido no decorrer dessas temporadas e que, por questões de agenda, não conseguiram. Lázaro Ramos, por exemplo, Grace Passô e Gabriel Mascaro são alguns desses nomes.

  • Os episódios foram gravados antes da pandemia?

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Sim, todos os episódios foram gravados antes da pandemia. Nós gravamos em dezembro de 2019.

  • Algum depoimento mexeu mais com você?

Eu me emociono muito neste programa. As conversas sobre o processo criativo são muito sinceras e profundas. Nesta temporada, destaco uma fala do Matheus Nachtergaele sobre como era o Brasil e como os artistas eram vistos no Brasil de 20 anos atrás, quando foi filmado O Auto da Compadecida. Foi um momento que me tocou muito. Um outro momento que eu destacaria foi o do Caio Blat falando sobre o filme Carandiru, quando ele nos disse que, numa cena específica, ele se deu conta da responsabilidade e da importância de se contar a história do nosso País no cinema. E destaco também a conversa do filme A Vida Invisível, com a Carol Duarte e o Gregório Duvivier. Lembro do Gregório falando sobre o machismo e o mal-estar que causou nele interpretar aquele personagem. E da Carol, quando falamos da compreensão que esse filme nos traz sobre a vida das nossas avós e a liberdade que as nossas ancestrais não tiveram.

  • O que tem feito na quarentena? Tem visto algo interessante, série, filme, tem lido muito?

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Minha quarentena tem sido de isolamento social absoluto, que é o que devemos fazer neste momento. Também estou trabalhando no Cara Palavra e produzindo muito conteúdo, através de vídeos, que postamos, semanalmente, no Instagram. Tenho estudado muito e feito cursos online sobre Clarice Lispector, Machado de Assis, Heidegger, Hannah Arendt, Sartre, o mundo e seus danos. Também tenho lido coisas muito preciosas que já estavam no meu radar de leitura, mas não tinha tempo. E outras que surgiram, que se apresentaram por agora.

  • Este isolamento pode ajudar a criatividade artística, acredita que coisas boas surgirão?

Os motivos que nos levam a este isolamento são muito tristes e acentuam, ainda mais, a nossa visão perante os estragos e os colapsos do mundo em que vivemos. Dessa forma, acredito que, para os artistas, cuja natureza do trabalho é olhar para o mundo e falar sobre as coisas que estão acontecendo, tem sido um espaço de muita criação, sim. Não acho que as pessoas sejam obrigadas a isso, muito pelo contrário. Mas eu acredito, sim, que tenha muita gente escrevendo, produzindo e criando os seus próximos projetos. O isolamento nos faz pensar com mais atenção sobre essas coisas.

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  • Acredita que as pessoas vão mudar o modo de viver após passarem por esta pandemia?

A gente gostaria de pensar que sim, né? A gente fica com vontade de acreditar que vamos voltar mais conscientes, mais empáticos, mais lúcidos, mais acordados, mais atentos... Mas, quando a gente vê as aberturas de shoppings, as filas que se fazem e as pessoas ainda sob o pedido de isolamento social desrespeitando isso, querendo comprar e comprar e pensando só em si mesmas, a gente passa a duvidar dessa mudança. Sendo assim, eu, realmente, não sei. 

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  • Como vê a cultura neste momento? O que seria necessário para melhorar a atual situação?

A pasta da Cultura no atual governo está sofrendo uma erosão muito grande na máquina pública. Em um país com um território do tamanho do nosso e com artistas atuantes (ainda bem), fica muito difícil seguir sem política pública. A situação dos artistas neste País, há muitas décadas, já é de miséria para a grande maioria. Acho que já tivemos momentos históricos de avanço, mas agora, infelizmente, a gente vive um retrocesso gigantesco. Só o audiovisual, por exemplo, tem um porcentual importante no PIB do País, sem contar o que pagamos, devolvemos, em impostos. Infelizmente, não temos visto esse dinheiro, parte da receita que geramos, sendo investimento na cultura de forma justa. É um absurdo.

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