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Anarquistas Graças a Deus é biscoito fino

Da obra de Zélia Gattai, produção resgata a São Paulo dos imigrantes italianos com cenas reais

Por Cristina Padiglione
Atualização:

Revista após dez anos ou mais, muita encenação de TV soa datada, a depender de closes, planos de câmera e maquiagem ali investidos. Em alguns casos, raros, pode-se celebrar o requinte de um tempo em que o Ibope não ditava ordem e a competência se impunha. É nessa segunda safra que se encaixa Anarquistas Graças a Deus, minissérie de 1984, em nove capítulos, que a Globo lança esta semana em DVD. O livro de memórias de Zélia Gattai chegou à tela pelas mãos do par mais bem-sucedido em adaptar nossa literatura à TV: os Walters - George Durst como roteirista e Avancini como diretor - botaram no ar, além de Anarquistas, "apenas" Grande Sertão, Veredas, de Guimarães Rosa, e Gabriela, do marido de Zélia. Sem perder o contexto mundial da primeira metade do século passado, Anarquistas mescla imagens em preto-e-branco da São Paulo da época à cenografia que reproduz a trajetória dos Gattai. Débora Duarte dá show como a matriarca Angelina e faz eco na performance de Ney Latorraca como Ernesto Gattai. É para babar e refutar a fraudulenta argumentação de "interpretação naturalista" defendida por uns e outros atores hoje em dia. Tem ainda o dramaturgo Gianni Ratto atuando como il nono e trilha sonora produzida por Júlio Medaglia.

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