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Análise: vai ser difícil manter a tensão no próximo episódio de 'Game of Thrones'

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Uma batalha vista e vivida duas, três, várias vezes – o episódio da luta entre os exércitos dos príncipes bastardos da série Game of Thrones, exibida há uma semana, quebrou recordes, a começar da marca da audiência no rico mercado dos Estados Unidos: 23 milhões de espectadores em todas as plataformas de acesso. No mundo inteiro a exibidora HBO calcula que o número supere os 40 milhões – alguma coisa como se toda a população da Argentina assistisse ao penúltimo capítulo da temporada. Valeu cada segundo. O confronto das tropas de Jon Snow, o ressuscitado, e de Ramsay Bolton, o endemoniado, exigiu 25 dias de filmagem, envolveu 600 figurantes e 80 cavalos de guerra, da mesma raça dos animais de combate usados na Idade Média. O contingente foi multiplicado quatro vezes por computação gráfica. A conta da operação bateu em cerca de US$ 10 milhões, incluindo os salários. A locação em Albuquerque, no Estado americano do Novo México, teve de esperar a mudança de clima, sol por chuva e nuvens cinzentas.

A cena militar, com pilhas de cadáveres, lanceiros protegidos pelos escudos da infantaria e uma vitória trocando de mão no último momento por causa da chegada de reforços inesperados foi inspirada em fatos reais. O último choque armado da Guerra das Duas Rosas travada durante 30 anos do século 13 entre diferentes famílias do clã Plantageneta, aconteceu em Bosworth Field. No dia 22 de agosto de 1485, 15 mil homens de Ricardo III, sustentados pela maior artilharia da época, 140 canhões (um diferencial como os arqueiros de Ramsay), foram derrotados por 5 mil soldados de Henrique Tudor. “Os muitos que morreram estavam uns sobre os outros. A lama era feita de sangue”, escreveu o conde Henry Lancaster. 

Cena do penúltimo episódio da sexta temporada de Game of Thrones Foto: Reprodução

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A temporada de Game of Thrones termina hoje, 26, no 10.º capítulo. Vai ser difícil manter a tensão e a qualidade do espetáculo. O que pode acontecer? Há especulações circulando pelos corredores do castelo de Winterfell, casa nobre dos Starks, retomado por Jon Snow, suposto filho fora do casamento de Lorde Eddard, e por sua meia-irmã Sansa. A mais impactante diz que a matriarca Catelyn, desfigurada, degolada, atirada a um rio, pode voltar à cena – como um zumbi ou como um espectro da vingança – empenhada em punir os matadores de seu marido e de seus filhos.

O autor dos livros que inspiram a série, George R.R. Martin, é um preguiçoso assumido, que escreve lentamente, cerca de 14 páginas por vez e sem pressa. O primeiro dos cinco grossos volumes em circulação saiu há 20 anos, em agosto de 1996. O sexto deveria ter sido lançado há pouco mais de dois meses, na mesma semana da estreia do sexto pacote no canal pago HBO. Não deu. Martin pediu desculpas nas redes sociais. É bastante provável que a história chegue ao fim. George, o escritor, estaria sendo pressionado para cancelar o plano de um sétimo livro e a estender a trama até o epílogo na obra em acabamento. Com isso, a série na TV teria mais uma ou duas temporadas curtas, de seis ou oito partes. Os produtores temem o envelhecimento do elenco (as crianças viraram adolescentes, os adultos estão na meia-idade e os idosos... bem, a natureza tem seu próprio ritmo), a inevitável perda de audiência e a supervalorização dos contratos. Este ano, os protagonistas principais já estão recebendo meio milhão de dólares por episódio – fora os impostos.

Na história, altas especulações. Daenerys Targaryen, a Mãe dos Dragões e forte pretendente ao Trono de Ferro – comandante de um poderoso exército, formado por forças especiais como os Imaculados, personagens inspirados na tradição das lendas de Esparta –, pode ter dois insuspeitados meios-irmãos. O anão Tyrion Lannister e Jon Snow seriam filhos bastardos do pai e de um tio de Daenerys. Como assim?! Tyrion esteve frente a frente com Viserion e Rhaegal, dois dos três dragões da rainha. (O terceiro é Drogon, o preferido de Daenerys.) Libertou-os das correntes. E não foi tocado pelas feras, que sabidamente são (quase) dóceis apenas com os Targaryen. Jon foi ressuscitado por um sortilégio de Melisandre, a sacerdotisa do Senhor da Luz – cujo veículo é o fogo, um meio amistoso à família da Senhora dos Sete Reinos.

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