Agora, a coisa ficou séria.
Netflix e HBO Go ganharam um concorrente de peso – com bastante prestígio no mercado norte-americano –, para disputar a preferência dos brasileiros em serviços de TV por streaming.
Amazon Prime Video chegou ao País nesta quarta-feira, 14, mostrando que seu serviço ainda engatinha, com problemas na usabilidade da versão mobile ou desktop, poucos títulos disponíveis, mas algumas das produções pelas quais vale a pena pagar US$ 2,99 (preço promocional nos primeiros seis meses de assinatura).
A Netflix nasceu como uma empresa que, veja só, funcionava como uma locadora de vídeos que entregava os DVDs diretamente para seus consumidores com mais comodidade. Aos poucos, ela migrou para o mundo do streaming, no qual é possível assistir qualquer título do catálogo, filmes, séries, documentários, com uma conexão com a internet.
Pioneira, a Netflix gozou da vantagem inicial – e deve ser o principal serviço de streaming para quem já embarcou nesse novo tipo de consumo de conteúdo audiovisual.
A Amazon Prime Video entrou de cabeça no streaming anos depois – o serviço chegou a alguns países da Europa, como Alemanha, e no Reino Unido somente há dois anos. Mas aprendeu com o que a Netflix tinha de melhor.
Há pelo menos três anos, os serviços de TV on demand entenderam que precisavam contar com algo diferencial – e, obviamente, um extenso catálogo. São as tais produções originais.
A forma de se fazer TV hoje é diferente daquela de anos atrás. Séries não precisam deixar ganchos mirabolantes ao final de cada episódio para obrigar o telespectador a ligar a televisão na mesma emissora na semana seguinte. Também oferece a chance de se criar arcos maiores, que se conectam, sem a necessidade de começo, meio e fim a cada episódio de meia hora.
Com o streaming, a narrativa é contínua (os serviços, inclusive, costumam seguir para o episódio seguinte sem que a gente precise apertar qualquer botão). A intensidade pode – e deve – ser extensa.
Netflix, por exemplo, tem seus blockbusters, como a aclamada pela crítica House of Cards ou a simpática Orange Is the New Black. Atualmente, a empresa até tem uma parceria com a Marvel para produzir séries baseadas em personagens soturnos da editora de quadrinhos, como Demolidor, Justiceiro, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro.
A Amazon entendeu isso bem rápido. E, mesmo sem seriados arrasa-quarteirões, faz bonito nesse sentido.
É dela, por exemplo, a ótima Transparent, estrelada por um excelente Jeffrey Tambor. O ator interpreta um pai que abre para a família a sua identidade como mulher. Com duas temporadas, a série garantiu 8 prêmios do Emmy e dois Globos de Ouro.
Há ainda Mozart In the Jungle, série que foi lembrada na seleção de indicados ao Globo de Ouro de 2017, estrelada por Gael García Bernal. E não faltam bons outros nomes que farão você gastar horas na frente da TV (do celular, tablet, computador, notebook). Goliath e Hand of God também são algumas delas. Já Crisis in Six Scenes, primeira aventura deWoody Allen pela TV, estará disponível em breve.
Além dessas ótimas produções, a Amazon Prime Video tem a divertida Comunity, a aclamada Mr. Robot e Seinfeld, adorada série do comediante Jerry Seinfeld. A tríade também não está disponível na Netflix. Outro ponto para o novo concorrente.
Há poucas horas disponível no País, contudo, a Amazon Prime Video ainda engatinha em todos os outros sentidos. Menus estão todos em inglês e é preciso buscar os títulos também na língua original.
No mobile e no desktop, ainda há poucas categorias para se navegar pelas opções de títulos que o serviço oferece.
O catálogo, com exceção das boas produções originais, é fraquíssimo. Você não encontrará filmes de Woody Allen, muito menos da parceria Marvel/Disney – se quiser assistir a um dos Transformers ou G.I. Joe: A Origem de Cobra é possível, embora não aconselhe.
Forte nos Estados Unidos, é pouco provável que a Amazon Prime Video se mantenha assim por muito tempo. O app e a versão desktop serão aprimorados, certamente.
E, mesmo se não forem, vale a pena gastar os US$ 2,99 promocionais nestes primeiros seis meses, consumir essas ótimas séries disponíveis ali, e depois cancelar a assinatura.
Em tempos de TV por streaming, isso já ficou claro. Quem tem o poder de escolha é você.