'American Crime Story' retorna com o caso da morte do estilista Gianni Versace

Estilista foi morto pelo serial killer Andrew Cunanan em 1997; Penélope Cruz vive a irmã de Gianni, Donatella, em raro papel na TV

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Por Pedro Rocha
Atualização:

A série American Crime Story finalmente está de volta para sua segunda temporada, O Assassinato de Gianni Versace, que estreia nesta quinta-feira, 18, às 23h no canal pago FX. A primeira foi um sucesso, sobre o caso O.J. Simpson. Venceu nove prêmios no Emmy em 2016, incluindo de melhor série limitada. Criada pelo mago da TV Ryan Murphy, a série, baseada em crimes reais, funciona como uma antologia, nos moldes da sua “irmã mais velha”, a fictícia American Horror Story, com um novo tema a cada temporada. 

A nova história a ser retratada desta vez não poderia ser mais a cara do seu criador. Murphy é um grande fã de cultura pop, da qual retira elementos para as suas inúmeras produções para a TV. Não é de se espantar o desejo de adaptar, na série, a obra da jornalista Maureen Orth, Vulgar Favors, sobre assassino e assassinado, o serial killer Andrew Cunanan e o estilista italiano Gianni Versace. 

Edgar Ramírez (deitado) e Ricky Martin como Gianni Versace e Antonio D'Amico na segunda temporada de 'American Crime Story'. Foto: Pari Dukovic

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Se na primeira temporada o foco era o julgamento de O.J., com suas dezenas de personagens envolvidos, e que deixou em aberto a grande questão de se ele teria assassinado a ex-esposa, Nicole Brown, e seu amigo, Ronald Goldman, desta vez o crime em si é o grande foco. O crime e seus quatro personagens centrais. Isso, porém, sem deixar de fora o contexto da época de homofobia, a incompetência da polícia na caçada à Cunanan e os dramas internos da família Versace.

++ A morte de Gianni Versace é retratada no trailer da nova temporada de 'American Crime Story'

A série, cujos dois primeiros episódios foram exibidos para a imprensa, retrata com proeza o perfil psicológico de Cunanan, vivido por Darren Criss (Glee) - outra característica de Murphy, ser fiel aos atores com quem trabalha. Criss surpreende na pele do assassino. Consegue imprimir em seu rosto as mentiras deslavadas de Cunanan e sua loucura. No seu caminho até matar Versace, e também se matar, ele assassinou, entre abril e julho de 1997, outras quatro vítimas - todos homens, homossexuais e com quem ele tinha algum tipo de contato, seja mais romântico ou sexual, já que atuava como garoto de programa. 

Penélope Cruz como a estilista italiana Donatella Versace na série 'American Crime Story: O Assassinato de Gianni Versace'. Foto: FX

No papel do estilista, está o venezuelano Edgar Ramírez, uma escolha questionável. Apesar de bom ator, ele tem dificuldades em fazer um sotaque italiano, seu inglês parece sempre vindo do espanhol. Dificuldade que não teve, entretanto, a espanhola Penélope Cruz, que vive a irmã e musa inspiradora do estilista, Donatella. Por vezes, não é possível compreender o que ela está diz em suas cenas, mas basta pesquisar vídeos da original na internet para ver sua boa atuação. Ponto alto da série.

Outro destaque é a trilha sonora, que empolga com clássicos como Be My Lover, de La Bouche, e Last Night A DJ Saved My Life, de Indeep, que fazem uma ambientação saudosista da vida noturna nos anos 90, quando Andrew e Gianni se conheceram. A série brinca com a temporalidade, avança e retrocede, para mostrar o que levou Cunanan a matar o estilista em frente a sua mansão em Miami, à luz do dia e à queima roupa, assim como para abordar as consequências do crime. 

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++ Família Versace diz que ‘American Crime Story’ 'deve ser considerada ficção'

Apesar de menos popular que a de O.J. Simpson, cujo julgamento, de fato, parou os EUA, a história de Versace está em boas mãos. Conhecido por “estragar” suas séries nas temporadas mais avançadas, Murphy, porém, já provou, com Feud: Bette and Joan e com a própria American Crime Story, que consegue manter as rédeas até o final quando se trata de histórias baseadas em fatos reais. A família Versace, porém, não aprova. Dizem que não deram aprovação para a série e não possuem qualquer envolvimento com a produção, que deve ser considerada uma obra de ficção. 

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