Amazon estreia sua 'dramédia' The Marvelous Mrs. Maisel

Dos mesmos criadores de Gilmore Girls, produção que vai ao ar a partir de quarta-feira, 29, conta a trajetória de uma mulher que busca o sonho e quebra tabus

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Por Pedro Antunes
Atualização:

“Não é fácil transformar a Nova York de 2017 em uma cidade dos anos 1950”, desabafa Daniel Palladino, o produtor da animação Uma Família da Pesada e de Gilmore Girls, série de TV criada pela mulher dele, Amy Sherman-Palladino. Ele cita as maiores dificuldades em filmar na cidade norte-americana a nova série do casal, The Marvelous Mrs. Maisel, cuja estreia está prevista para quarta-feira, 29, no serviço de TV por streaming Amazon Prime Video. Trata-se de uma dramédia (mistura de drama e comédia) de época centrada na personagem-título, a Sra. Maisel, interpretada por Rachel Brosnahan, que viveu uma memorável ex-prostituta na série House of Cards, da concorrente Netflix, que acabou se tornando um problema para os protagonistas Underwoods e foi descartada. 

Rachel Brosnahan vive Sra Maisel Foto: Nicole Rivelli

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Desta vez, Brosnahan dá vida a Miriam Maisel, a Midge, uma garota que sonhava em ter aquilo que a sociedade permitia às mulheres. O que não era muito – veja bem, a série tem início em 1958, quando a personagem já é adulta e casada. Filha de judeus, Midge queria cursar faculdade, mas o principal objetivo era encontrar um marido, um parceiro para a vida. Ela o encontra, mas o turning point de The Marvelous Mrs. Maisel se dá justamente quando o futuro perfeito de classe média de Midge em Nova York rui. 

O marido (Joel Maisel, interpretado por Michael Zegen), o homem perfeito, coisa e tal, também é um sujeito inseguro cujo maior sonho é se tornar comediante de stand-up, embora não tenha talento algum para tanto – quem escreve suas piadas é a mulher. Incapaz de perceber a própria limitação e na tentativa de reafirmar a tal masculinidade perdida por perceber que a mulher era infinitamente mais engraçada do que ele, o rapaz decide traí-la com a secretária e deixá-la às vésperas de um jantar importante.  É o gatilho para a história de superação de Midge, uma personagem interessante criada pelos Palladino. Sua composição, na tela, é ágil. Logo, entende-se como a personagem de Brosnahan vê o mundo. Inocente e, ao mesmo tempo, sagaz. Ágil na resposta, mesmo quando não sabe direito o que dizer. O humor, na atriz e na personagem, parece fluir com naturalidade. 

“Conhecíamos ela”, explica Dan, “mas fizemos um processo bastante tradicional, chamamos as atrizes para uma seleção. Meu diretor de casting disse: ‘ela não tem um currículo muito longo, mas eu acho que ela é capaz”. Amy segue dali: “E, de repente, ela chegou e nos arrasou. O papel era dela”. 

The Marvelous Mrs. Maisel foi criado por Amy antes mesmo de ser realizado o revival de Gilmore Girls: Um Ano para Recordar, também da concorrente dos serviços de streaming, no ar em 2016. O episódio-piloto foi exibido em março, e a crítica se rendeu aos diálogos ágeis e à força da dona de casa que se reergue em um ambiente extremamente arisco e machista que é o humor – principalmente 60 anos atrás. O jornal britânico, inclusive, elogiou os figurinos e a fotografia de época capazes de transformar Nova York em sua versão de décadas anteriores, comparando o esmero à da série Mad Men (no ar de 2007 a 2014). “Você não faz ideia a quantidade de câmeras e outras coisas modernas espalhadas pela cidade. Era um trabalho enorme”, brinca Dan.  A série tem claramente a mão de Amy desde a sua concepção. Seu pai era judeu e humorista, casado com uma dançarina. “Eu conheci bastante esse mundo. Desde pequena, estava nas coxias, nos bastidores. Era um mundo dos homens. Seria interessante imaginar a ideia de levar uma mulher para dentro dele”, explica. “Queria escrever uma história sobre essa dona de casa que precisa sair do padrão. E que quebrasse as regras impostas, até porque ela não sabia da existência delas.” Midge também se encaixa no perfil de personagens criadas por Amy, mulheres independentes, inteligentes e, principalmente, com um ritmo alucinante de diálogos. “Minha cabeça é, de fato, um lugar muito barulhento”, diverte-se Amy. 

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