Alice poderia ser sua vizinha

PUBLICIDADE

Por Etienne Jacintho
Atualização:

Esperei um tempo para falar de Alice (HBO, domingos, 22 horas) porque, na verdade, não sabia o que dizer. Demorei para entender a série e entrar no universo da Alice de Andréia Horta - o que logo vi foi a beleza de São Paulo nas lentes de Karim Aïnouz. Muita gente acusa a cidade de ser feia. São Paulo poderia ser mais convidativa, mas o caos tem lá sua simpatia. E assistir à Alice é encontrar a cidade em seu melhor momento: à noite. É divertido ver a protagonista se jogar no Vegas, no Astronete, no Berlim, no Karaokê da Mama... Também vale ver algumas figurinhas paulistanas, de Dudu Bertholini e Mama a Amaury Jr. - por que não? Após seis capítulos, saquei a Alice e o propósito da série. Acho que a princípio não tinha gostado porque série é ficção, certo? Não conseguia ver Alice como uma personagem fictícia. Conheci muitas Alices, muitas Marcelas, muitas Danis... As histórias da série da HBO são muito familiares. Não é comédia romântica, ficção-científica, dramalhão mexicano, policial... É simplesmente a vida quando se tem 20 e poucos anos - ou 30 e poucos anos - em uma cidade como São Paulo. Um amigo jornalista chileno, que está viciado na série, quer vir para São Paulo só para conhecer os lugares em que Alice passeia. "Eles existem de verdade?", ele me perguntou. Sim, eles existem. Vale citar a ousadia da HBO em mostrar personagens como Luli e Dora (Regina Braga e Denise Weinberg). A cena de sexo entre elas foi impecável. Aliás, Alice abusa do sexo e nem sempre com bom gosto. Só um detalhe me intriga: como será que Andréia Horta se sente ao comparar Alice com Chamas da Vida, novela da Record em que atua? Pobre!

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.